Educação

Piso salarial de professores brasileiros é o menor de 40 países, aponta OCDE

Relatório também apontou que o número de jovens brasileiros que nem estudam e nem trabalham no País é o dobro do que em países ricos

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O piso salarial dos professores brasileiros nos anos finais do Ensino Fundamental é o mais baixo entre 40 países avaliados  em um estudo da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado nesta quinta-feira, 16.

 

Segundo o relatório Education at a Glance 2021, a média inicial do salário dos docentes no Brasil é de 13,9 mil dólares anuais. Os valores passam dos 20 mil dólares em países como Grécia, Colômbia e Chile; na Alemanha, passam dos 70 mil dólares.

Em relação ao salário real, acrescido de pagamentos adicionais, o valor recebido por professores brasileiros também fica aquém da maioria dos países avaliados. No País, segundo a OCDE, os salários reais médios da categoria são de 25.030 dólares anuais no nível pré-primário (que corresponde à educação infantil) e 25.366 dólares no nível primário (anos iniciais do ensino fundamental). Na média dos países da OCDE, os valores para as mesmas etapas são 40.707 dólares e 45.687 dólares, respectivamente.

Geração ‘nem-nem’ no Brasil é o dobro do que em países ricos

O estudo também aponta que a taxa de jovens que não estudam e nem trabalham no Brasil é o dobro da de países ricos. Em 2020, 35,9% dos adultos de 18 a 24 anos não estavam nem na escola nem empregados. Na média da OCDE, que inclui os países mais ricos, a taxa de jovens que não estudam nem trabalham é de 15,1%.

O índice brasileiro é maior do que o verificado em países como Turquia (32,2%) e Colômbia (34,5%). Enquanto na média dos países da OCDE, menos da metade dos jovens de 18 a 24 anos não estudam, no Brasil, na Colômbia e em Israel, a porcentagem sobe para 65%.

Em 2018, o Brasil já apresentava um nível acima da média, de 30,6%, mas o índice piorou com a pandemia. Segundo o relatório da OCDE, só um terço (34%) dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos frequentam escolas ou faculdades. Três em cada dez jovens nessa faixa etária estão empregados, apesar de não frequentarem a escola ou um curso superior, e 13% não estão nem na escola nem empregados. Há ainda 23% que não estudam nem procuram emprego (inativos).

Pesam sobre o cenário a dificuldade que o País teve de manter os estudantes ativos nas aulas remotas, dada a desigualdade de acesso à internet, motivo pelo qual especialistas apontam omissão do Ministério da Educação. Outro fator é que, com a perda de renda expressiva das famílias brasileiras, muitos jovens foram levados a buscar emprego, o que impacta a permanência na escola.

Taxa de desemprego aumentou entre adultos sem Ensino Médio 

A taxa de desemprego entre adultos que não concluíram o Ensino Médio também cresceu, segundo o relatório, evidenciando que outro desafio para os jovens que deixam a escola na tentativa de compor renda familiar. Em 2020, a taxa ficou em 17,8%, três pontos percentuais acima do que a registrada no ano anterior.

O crescimento do desemprego entre esta população no Brasil também foi maior do que a média atingido pelos demais países observados pela OCDE: que registrou índice 15,1% em 2020 (um aumento de 2 pontos porcentuais em relação a 2019).

Brasil foi o país que fechou escolas por mais tempo na pandemia

Também foi destaque no estudo o tempo em que o Brasil manteve as escolas fechadas no cenário da pandemia: foram 178 dias sem aulas presenciais na pré-escola e anos iniciais do ensino fundamental no ano passado, o triplo de tempo na comparação com a média dos países mais ricos.

Na média dos demais países, as escolas pré-primárias (pré-escola) ficaram completamente fechadas por 44 dias; já as de nível primário (anos inicias do fundamental), foram fechadas durante 58 dias.

Ainda de acordo com o relatório, cerca de dois terços dos países da OCDE e nações parceiras relataram aumento no financiamento das escolas para ajudar a enfrentar a crise sanitária em 2020. O Brasil não apresentou mudança no orçamento de educação para o ensino fundamental em 2020 e 2021, destacou o relatório. O País investiu em 2018 um total de 3.256 dólares por estudante – na média da OCDE, o investimento é de 10 mil dólares.

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