Paulo Freire segue como patrono da educação

Sugestão Legislativa movida pelo Escola Sem Partido foi rejeitada no Senado

Foto: MST

Apoie Siga-nos no

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal rejeitou na manhã desta quinta-feira 14 a Sugestão Legislativa que pretendia retirar do educador recifense Paulo Freire o título de patrono da educação brasileira.

O pedido para arquivar o projeto foi feito pela senadora do Rio Grande do Norte Fátima Bezerra. Junto da senadora durante a sessão estava Daniel Cara, como representante do Coletivo Paulo Freire por uma Educação Democrática, principal articulador na campanha pela manutenção do nome de Freire.

Lei mais: Proposta quer retirar o título de patrono da educação de Paulo Freire

As Sugestões Legislativas surgem a partir de petições públicas informais, e devem ter no mínimo 20 mil assinaturas para serem acolhidas pelo Senado. O abaixo-assinado foi redigido por uma estudante de direito e membro do Escola Sem Partido, e teve amplo apoio do Movimento Brasil Livre. Se validada, ganha a força de um Projeto de Lei.

A ofensiva contra o nome e o legado de Paulo Freire provocou intensa reação na sociedade. O Coletivo lançou um manifesto pela manutenção do título ao educador, com aderência de milhares de educadores, pesquisadores, políticos, filósofos e sociedade em geral. A partir do manifesto outras ações foram articuladas, e contribuíam para que a intenção do projeto ultraconservador fosse rejeitada. Cara avaliou como “vitória a decisão da Comissão de Direitos Humanos contra o Escola Sem Partido e o obscurantismo.”

Ao final da sessão, a senadora afirmou que “só alguém que desconhece a grandiosidade da vida e da obra de Paulo freire na luta pela educação no Brasil e no mundo pode representar um recurso de maneira estupida como esse.”


Legado

Paulo Freire é um educador internacionalmente reconhecido, sendo um dos mais proeminentes nomes da Pedagogia e das Ciências Humanas. Foi laureado com 41 títulos de doutor honoris causa por universidades distribuídas por todo o mundo e intitulado professor emérito de cinco universidades, incluindo a Universidade de São Paulo (USP).

Também foi agraciado com títulos conferidos pela comunidade internacional, como o prêmio da Unesco de Educação para a Paz, em 1986. Secretário municipal de Educação entre 1989 e 1991, é ainda hoje considerado o melhor gestor educacional da história paulistana, aclamado presidente de honra da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

“Pedagogia do Oprimido” (1968), considerada sua obra-prima, é a terceira mais citada em toda a literatura das ciências humanas, segundo pesquisa realizada por Elliott Green, professor associado à London School of Economics.

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.