Para não ficar à mercê da fortuna

Fesp abre inscrições para a especialização em “Estratégia e Liderança Política”, coordenada por Aldo Fornazieri, colunista de CartaCapital

Professor e cientista político, Aldo Fornazieri. Foto: Charles Nisz

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Há tempos o cientista político Aldo Fornazieri alerta, nas páginas de CartaCapital, que o Brasil vive uma carência de líderes políticos no sentido forte do termo. Frequentemente, as oligarquias partidárias se encarregam de sabotar a ascensão de líderes genuinamente populares e competentes, capazes de imprimir direção e sentido aos acontecimentos políticos, além de subordinar “sua ambição pessoal à ambição da grandeza do Estado”. Líderes dotados de virtú, a habilidade de agir conforme a circunstância exige, sem depender dos humores da fortuna, a sorte ou o imponderável, segundo a célebre proposição do pensador florentino Nicolau Maquiavel (1469-1527).

Essa crise de lideranças não se restringe aos partidos, mostra-se presente em quase todos os campos de atividade, alerta o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a Fesp. “Não temos mais líderes sindicais fortes. Nos movimentos sociais, existem poucos líderes de projeção nacional. O mesmo ocorre no meio empresarial. Na esquerda, temos apenas o Haddad e o Boulos com mais proeminência”, observa Fornazieri, antes de ponderar este não é um fenômeno só brasileiro.

“Veja nos EUA o problema com Biden e Trump. Na Europa, depois da Angela Merkel, não surgiu um líder forte. Isto decorre da complexidade e fragmentação do mundo atual. Vivemos um momento de transição e de busca de novos paradigmas”, avalia. “A própria crise da governança global, por meio das instituições multilaterais, é um reflexo desta crise”.

Doutor em Ciência Política pela USP e autor o livro Liderança e Poder (Editora ContraCorrente), Fornazieri é coordenador do curso de pós-graduação em “Estratégia e Liderança Política” da Fesp, que acaba de abrir nova turma e está com inscrições abertas. Com carga horária total de 368 horas, a especialização lato sensu é oferecida na modalidade online, mas com aulas síncronas, ministradas às terças e quintas, das 19h às 22h30.

“O curso oferece um conhecimento científico, teórico-prático do campo da formulação estratégica e da liderança política. Sua finalidade principal é formar estrategistas, líderes, formuladores e gestores da ação dirigente em instituições estatais e corporativas com ampla visão da sociedade e da política e suas interações”, explica Fornazieri. “Ele se destina a profissionais de qualquer área – principalmente agentes políticos e sociais – que ocupem funções e atividades dirigentes, de gestão e assessoramento”.

Além da teoria em Liderança Política, com a análise de obras clássicas de Maquiavel, Max Webber, Ernesto Laclau, Chantal Mouffe e Niklas Luhmann, o programa inclui diversas disciplinas com foco na atualidade e autores contemporâneos. Os alunos aprenderão noções de psicologia política, estratégias de influência e engajamento no ambiente digital, recursos persuasivos de discurso, técnicas de marketing político e eleitoral, metodologias de análise do risco, entre outros conhecimentos.


Um dos módulos analisa especificamente os impactos da revolução digital na formação de novos sujeitos políticos, no comportamento eleitoral e na clássica relação entre representantes e representados. “A tecnopolítica, estudada no curso, parece romper o bloqueio oligárquico existente nos partidos e projeta novas lideranças com rapidez”, ressalta Fornazieri. “O problema é a consistência e perdurabilidade desses novos líderes. Mas este é um processo em andamento e só daqui há alguns anos é possível ter uma avaliação mais efetiva”. Para saber mais sobre a especialização, clique aqui.

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