Em um vídeo publicado em sua conta no Twitter na terça-feira 30, o ministro da educação Abraham Weintraub questiona a “polêmica” criada acerca do contingenciamento de recursos para as universidades brasileiras.
“No programa de governo que elegeu o presidente Jair Bolsonaro, estava muito claro, estava explícito que a nossa prioridade seria a educação básica, a pré-escola. Agora criou-se uma polêmica enorme porque estamos apresentando o nosso plano de governo”, declarou.
Nosso plano de governo prevê a educação básica como prioridade e é isto que vamos seguir. Mais creches e mais crianças alfabetizadas. pic.twitter.com/Ze5mi3EyND
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) 30 de abril de 2019
O ministro afirma que os recursos futuros serão destinados para cursos de graduação ou para a educação básica. “Aqui eu trago uma informação para você que vai pagar por isso, que é o pagador de imposto. Um aluno numa graduação custa 30 mil reais por ano, um aluno numa creche custa 3 mil reais ao ano. Para cada aluno de graduação que eu coloco na faculdade eu poderia trazer 10 crianças para uma creche, geralmente mais pobres, mais carentes, e que hoje não tem creche para elas. O que você faria no meu lugar?”, questiona o ministro.
Universidades na mira?
Em novo tuíte publicado nesta quarta-feira, o ministro voltou a falar sobre a atuação das universidades federais, novamente dando a entender que as instituições servem a um ‘aparelhamento de esquerda’ e ferem conceitos de pluralidade e tolerância.
“Para quem conhece universidades federais, perguntar sobre tolerância ou pluralidade aos reitores (ditos) de esquerda faz tanto sentido quanto pedir sugestões sobre doces a diabéticos”, publicou o ministro.
Para quem conhece Universidades Federais, perguntar sobre tolerância ou pluralidade aos reitores (ditos) de esquerda faz tanto sentido quanto pedir sugestões sobre doces a diabéticos.
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) 1 de maio de 2019
A atuação das instituições parece estar na mira do governo, desde que Weintraub assumiu o Ministério da Educação. Na tarde da última terça-feira, o ministro afirmou que as universidades que não apresentassem o desempenho acadêmico esperado e promovessem “balbúrdia” em seus campi teriam recursos cortados. Ele atribuiu à balbúrdia eventos políticos, manifestações partidárias e festas inadequadas dentro das unidades.
Ao menos três universidades federais foram enquadradas no quesito: a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA). A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, estaria sob avaliação, segundo informações de Weintraub.
Mais tarde, o MEC anunciou que o contingenciamento de recursos da ordem de 30% seria estendido a todas as universidades federais, e incidirá sobre a verba destinada para o segundo semestre.
Recentemente, o presidente Bolsonaro anunciou que Weintraub estaria estudando descentralizar recursos em faculdades de Filosofia e Sociologia. O objetivo seria focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como veterinária, engenharia e medicina. “A função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta”, apontou o presidente em um segundo tuíte.
A declaração foi mais uma investida contra as universidades e também gerou polêmica entre pesquisadores e professores da área.
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