Pais de alunos organizam protesto contra conservadorismo em BH

Escolas católicas da capital mineira passaram por episódios de censura. O caso mais recente envolveu um texto de Gregório Duvivier

Vista do Colégio Loyola, em Belo Horizonte (MG) (Foto: Divulgação)

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Mães e pais de alunos de dois colégios particulares em Belo Horizonte estão organizando uma manifestação contra a “onda de conservadorismo nas escolas onde seus filhos estudam”, que teria sido impulsionada pela censura, por parte de uma delas, a um texto do ator e escritor Gregório Duvivier em uma prova.

De acordo com a nota divulgada, a intenção da passeata é sinalizar respeito aos docentes das instituições e, também, confiança nos conteúdos ministrados para formar “cidadãos éticos, de espírito crítico e defensores da justiça social”.

Os colégios Santo Agostinho e Loyola, ambos tradicionais da capital mineira, tiveram episódios espaçados de pressão sobre o que era ministrado em sala de aula pelos professores.

O primeiro caso aconteceu em novembro de 2018, quando o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou o Santo Agostinho por propagar “ideologia de gênero”, uma ação fundamentada em reclamações de pais de alunos sobre os conteúdos que tratavam de educação sexual. Na época, a escola católica afirmou que iria se defender das alegações “mentirosas” e que respeitava a “diversidade e a pluralidade presentes na nação brasileira”.

Já no caso do Colégio Loyola, uma prova de português realizada no último dia 7 de outubro continha um texto crítico de Gregório Duvivier ao governo de Jair Bolsonaro. A questão foi motivo para que pais incomodados recorressem à pressão sobre a diretoria, que resolveu cancelar a prova.


Em carta aberta, os alunos manifestaram repúdio à ação da escola e detalharam sobre o que tratava a questão, que fazia uma análise de gêneros textuais. Eles explicam que, ao longo do semestre, a professora abordou recursos linguísticos utilizados pelos autores para causar humor no texto.

“Das quatro questões referentes ao texto, uma é referente à colocação pronominal, e as outras três à estrutura característica dos textos de humor. […] Nenhuma das questões da avaliação exige posicionamento político dos alunos”, escreveram. Veja a íntegra abaixo:

Nas redes sociais, Duvivier destacou que estará na cidade em novembro e que se encontraria com os alunos da instituição. “A escola já deve ter sido muito bacana pra formar tanta gente crítica. Sinto muito”, disse.

Nomeada de “Ato pela Liberdade de Ensinar”, a manifestação está marcada para acontecer na terça-feira 22, e tem saída do Colégio Santo Agostinho às 17h. “A proposta é que pais, mães, alunos e ex-alunos das instituições caminhem do Colégio Santo Agostinho central, carregando faixas e cartazes, e terminem a passeata no Colégio Loyola”, diz a convocação, que ressalta a leitura de uma carta conjunta no final do ato.

 

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