Artes

Museu e escola: visitas orientadas

Construir relações entre o museu e a escola pode ser uma grande oportunidade de ampliar repertório e criar diálogos com a sala de aula

Criança no museu
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Ir a exposições de arte é um hábito a ser construído e incentivado. Apesar de as cidades apresentarem opções interessantes e gratuitas, os espaços dedicados às artes visuais ainda são pouco frequentados.

O museu ou centro cultural pode ser um local de entretenimento, mas é também, e talvez o seja antes de tudo, um centro de pesquisa, preservação e apresentação de objetos, documentos e experiências que, de algum modo, se tornam caros à sociedade.

Quais seriam, então, as relações possíveis entre esses dois espaços institucionais tão presentes na sociedade moderna (e pós-moderna): o museu (nos restringiremos a pensar o museu de artes visuais) e a escola? Como uma instituição se beneficia da existência da outra?

Leia atividade didática de Artes para a Educação Infantil e o Fundamental 1 sobre visitas ao museu

Expectativas de aprendizagem: Participar ativamente de visitas a centros culturais, museus, galerias e pesquisar em acervos de arte, presenciais e/ou virtuais

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Confira algumas sugestões de instituições culturais e seus atrativos para programar sua visita

1) Em São Paulo

Instituto Tomie Ohtake

O instituto, que faz uma homenagem à artista Tomie Ohtake, apresenta exposições temporárias voltadas para a produção de artes visuais, design e arquitetura contemporânea. Sua Ação Educativa oferece cursos de arte ao público em geral, cursos gratuitos para professores e jovens, visitas orientadas seguidas de ateliê às exposições em cartaz e encontros para professores. O agendamento pode ser realizado pelo telefone (11) 2245-1937.

Museu Afro Brasil

Dedica-se à preservação, pesquisa e exposição de objetos ligados ao universo cultural africano e afro-brasileiro. Além de uma exposição permanente do acervo, a instituição apresenta exposições temporárias ligadas a esse mesmo universo cultural. O agendamento de visitas é realizado preferencialmente pelo e-mail. [email protected].

2) No Rio de Janeiro

Museu de Arte Contemporânea de Niterói – MAC Niterói

Construído pelo arquiteto Oscar Niemeyer, apresenta artistas modernos e contemporâneos como Cildo Meireles, Farnese de Andrade e Frans Krajcberg. A visita ao museu se constitui não só da apreciação das obras expostas, mas também da experiência no espaço e na paisagem. As visitas orientadas começam do lado de fora e abordam também a arquitetura do local. Podem ser agendados somente pelo telefone (21) 2620-2400, ramal 29. O site da instituição disponibiliza material para a preparação do professor e do grupo.

3) Em Belo Horizonte

Instituto Cultural Inhotim

Localizado na cidade de Brumadinho, próxima a Belo Horizonte, o instituto abriga uma grande coleção de arte contemporânea em diversos pavilhões. O espaço constitui-se como um grande parque que alia natureza à arte contemporânea. O educativo possui diversos roteiros de visita que podem durar meio período ou um dia inteiro. As visitas são pagas para escolas particulares. As visitas para escolas públicas acontecem por meio de programas do educativo. Mais informações pelo telefone (31) 3254-5440.

4) Em Porto Alegre

Fundação Iberê Camargo

O museu possui em seu acervo pinturas, gravuras e desenhos do artista homenageado e, além de promover exposições sobre a obra de Iberê, a instituição recebe mostras temporárias de artistas nacionais e estrangeiros.  O programa educativo oferece encontros de orientação para professores e disponibiliza material didático sobre as exposições. As visitas podem ser agendadas pelo sistema online, maiores informações pelo telefone (51) 3247-8001 ou pelo e-mail [email protected].

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Em sala de aula, o professor pode propor experiências e ações criativas, sugerir que seus alunos pintem, desenhem, façam esculturas ou instalações.

A história e a teoria, desde cedo e de forma simples, entram no cotidiano: ao mostrar reproduções de obras, o professor contribuiu para a ampliação do repertório visual do grupo, além de discutir problemas e soluções colocados pelos artistas dentro dos seus contextos.

Assim, a ida a um museu pode ser um complemento ao trabalho desenvolvido em sala de aula. As reproduções de trabalhos são muito úteis, mas a elas escapam detalhes, texturas e a própria materialidade da obra de arte, que permite a real vivência da experiência proposta pelo artista.

Nesses espaços culturais, o conhecimento se constrói no embate entre sujeito e objeto.
Outro ponto a ser considerado é a importância de a escola ampliar seus muros e tornar a cidade um campo para o conhecimento por meio do estímulo para que crianças e adolescentes frequentem espaços públicos e, assim, se apropriem das instituições urbanas como locais para reflexão, entretenimento e convivência social.

Entretanto, para que todas essas questões se manifestem numa saída da escola, a participação do professor é fundamental. O planejamento começa ao escolher a instituição a ser visitada e, para tal, é preciso conhecê-la. Internet e guias podem oferecer informações iniciais importantes, como o foco (arte contemporânea, moderna ou a obra de um artista específico), se há ou não acervo, se as exposições são temporárias ou permanentes, que mostra estará em cartaz na data pretendida.

Uma visita inicial é de grande utilidade, pois é possível avaliar se o espaço e a exposição estão adequados à faixa etária do grupo e à proposta do encontro.

A maior parte dos museus oferece ao público visitas orientadas às exposições com profissionais especializados e preparados. A parceria entre o professor e o educador (ou monitor) da instituição é rica, pois alia diferentes saberes em benefício do grupo: cada profissional contribui com suas experiências e conhecimentos gerando um ambiente propício à troca.

Conhecer, antes da visita com os alunos, as propostas dos setores educativos também pode ser interessante – muitos deles disponibilizam materiais didáticos, encontros, cursos e oficinas para professores, contribuindo para a aproximação entre museu/escola.

Cabe também investigar como se dão as visitas orientadas em cada instituição: quais são as diretrizes pedagógicas, qual é o tempo de duração, se há oficina prática ou roteiros de visita, qual é a faixa etária atendida. Enfim, é necessário que a escola conheça a instituição para que possa conversar com seus alunos.

Essa pesquisa pode ser feita em conjunto ou compartilhada com o grupo, assim, as crianças saberão a que lugar estão indo e por que o estão fazendo. Alguns pontos podem ser levantados para que elas estejam atentas e possam retomá-los ao voltar do passeio, tanto em relação às obras vistas quanto ao trajeto até o museu, à arquitetura e ao espaço.

Durante a visita, o professor continua a exercer um papel fundamental, ele conhece o grupo e pode ajudar o educador na relação com as crianças, sua presença contribuirá para uma continuidade em sala de aula das discussões iniciadas perante as obras.

A visita orientada a um museu é um encontro de potencialidades: as discussões, observações e sensações partem do olhar atento às obras. Cabe aos educadores fornecer informações e, mais importante, criar um ambiente em que as potências da obra e do público se encontrem. A fala e a escuta são instrumentos fundamentais. Aliadas à prática criativa podem gerar um encontro e, talvez, um acontecimento.

* Helenira Paulino é graduada em Artes Visuais

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