Após a demissão de Milton Ribeiro, intensificam-se as especulações sobre o novo nome a comandar o Ministério da Educação. Será o quinto ministro sob a gestão de Jair Bolsonaro, que já teve Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub, Carlos Decotelli (não chegou a assumir o cargo oficialmente) e Ribeiro – este deixou a pasta em meio a denúncias sobre um gabinete paralelo que privilegiaria os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos.
A pressão por uma vaga no MEC deve girar em torno do Centrão, que tem interesses no orçamento e na capilaridade da pasta. Há informações de que Ribeiro indicou a Bolsonaro o secretário-executivo Victor Godoy, que já assume o ministério interinamente.
Do lado do Centrão, foram cotados, inicialmente, nomes como o do presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Marcelo Lopes da Ponte, que foi chefe de gabinete do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Também surgiu como possível indicado o diretor de ações educacionais do Fundo, Garigham Amarante Pinto, que foi assessor do PL, partido de Bolsonaro.
Nesta terça-feira 29, uma apuração do jornal O Estado de S.Paulo revelou que integrantes da Centrão também estariam sondando o atual reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, Anderson Ribeiro Correia.
Em entrevista a CartaCapital no YouTube nesta terça, o educador e cientista político Daniel Cara afirmou que Bolsonaro tende a entregar a pasta ao Centrão.
“A vinda de um militar [caso de Anderson Ribeiro Correia] resolve uma questão para Bolsonaro: ele diminui a pressão do setor evangélico. Já tivemos no MEC o olavismo e os militares com o Vélez Rodriguez, um olavismo mais puro com Weintraub, os evangélicos, e agora me parece que Bolsonaro vem dando sinais de que quer entregar para os militares. Então, o Anderson estaria um pouco à frente.”
Com isso, avalia Cara, Bolsonaro “resolve o a disputa interna no âmbito dos evangélicos e dá um sinal para o Centrão de exercer suas políticas dentro do MEC.
O educador frisa, no entanto, que o cenário não deixa de ser preocupante, uma vez que os nomes considerados não apresentam conhecimento sobre a área da educação. Assim, até outubro, um ministro despreparado tem folga para praticar retrocessos contra a educação pública.
“Eles estão, aparentemente, tentando encontrar um perfil técnico para o ministério, mas são pessoas leigas, que desconhecem a máquina do MEC”, aponta. “No caso do Anderson, é mais um engenheiro que não entende de educação, além de ser mais um bolsonarista, ainda que constrangido. A gente sabe que se existe um bolsonarista pleiteando o MEC, é preocupante.”
Para Cara, a saída para a educação seria romper em definitivo com Bolsonaro e o bolsonarismo. “Cada ministro é pior do que outro no bolsonarismo. Para resolver os problemas da educação, não tem outro jeito: só tirando o Bolsonaro.”
Assista à íntegra da entrevista:
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