Educação

Não se trata de ‘se’, mas de ‘quando’ vai ocorrer um novo ataque em escola, diz Daniel Cara

Em entrevista a CartaCapital, o educador cobrou ações do Poder Público para monitorar e desmobilizar células extremistas

O educador Daniel Cara em entrevista a CartaCapital
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O ataque à Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, na segunda-feira 27, é o 17º executado no Brasil nos últimos 20 anos. Com a morte da professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, esfaqueada pelo autor do atentado, já são 36 vítimas fatais e 77 feridos.

Para o educador e cientista político Daniel Cara, o episódio expõe uma demanda urgente ao País, a ser assumida sobretudo pelo Poder Público. “São casos mobilizados por discursos extremistas de direita, neonazistas e neofascistas”, afirmou em entrevista ao programa Direto da Redação, no canal de CartaCapital no Youtube.

O especialista chamou a atenção para a máscara utilizada pelo adolescente de 13 anos, um item que também esteve presente em outros ataques a escolas, como em Monte Mor, interior de São Paulo, em fevereiro deste ano; em Aracruz, no Espírito Santo, em 2022; e em Suzano, em São Paulo, em 2019.

“Todos esses jovens são apologistas de ataques anteriores”, prosseguiu. “O ponto para o qual eu quero alertar é que só no segundo semestre de 2022 foram quatro casos, o mais grave o de Aracruz. No primeiro semestre de 2023, dois casos.”

“Uma situação bastante grave e, infelizmente, o Poder Público tem jogado o problema para debaixo do tapete, acreditando que uma hora vai parar. Não se trata mais de ‘se’ vai acontecer um novo ataque, mas de ‘quando’ vai ocorrer“, alertou. Nesta terça-feira 28, um novo caso foi registrado em uma escola municipal do Rio de Janeiro. Um estudante de 15 anos tentou atacar colegas com uma faca, mas foi contido por funcionários.

Daniel Cara defende ações de enfrentamento às diversas células nazistas que atuam na cooptação de crianças e adolescentes nas redes sociais.

Segundo ele, “o fato concreto é que se enfrenta a extrema-direita que tem expressão político-partidária, mas não se enfrenta a extrema-direita que está no submundo da internet”.

Um relatório coordenado pelo especialista e encaminhado ao governo Lula durante a transição defende que o Poder Público adote medidas que ultrapassem o espaço escolar, como o desarmamento da população civil, a criação de uma rede de inteligência para monitoramento de grupos extremistas e a responsabilização criminal de lideranças das células, além do endurecimento de leis que tratam de crimes de discriminação e ódio racial.

Assista à entrevista completa ao programa:

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