Educação

Ministro da Educação nega acusações de plágio no mestrado: “Falhas técnicas”

Após não ter título de doutor reconhecido por universidade na Argentina, Carlos Decotelli é suspeito de plagiar em tese defendida pela FGV

(Foto: Ag Câmara)
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O Ministro da Educação, Carlos Decotelle, negou, por meio de nota encaminhada pelo Ministério da Educação, as acusações de que teria cometido plágio em seu trabalho de mestrado defendido na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo Decotelle, se houver omissões, trata-se de “falhas técnicas”.

“O ministro refuta as alegações de dolo, informa que o trabalho foi aprovado pela instituição de ensino e que procurou creditar todos os pesquisadores e autores que serviram de referência e cujo conhecimento contribuiu sobremaneira para enriquecer seu trabalho. O ministro destaca que, caso tenha cometido quaisquer omissões, estas se deveram a falhas técnicas ou metodológicas”, declarou.

Decotelle ainda afirmou que vai revisar o trabalho “por respeito ao direito intelectual dos autores e pesquisadores citados” e que tem “muito orgulho” do curso realizado “principalmente por ter sido custeado com seus próprios recursos financeiros e pelo fato de ter sido aceito em tão respeitada instituição de ensino no exterior unicamente em função de sua qualificação acadêmica, construída ao longo da vida com muito esforço e dedicação.”

A FGV afirmou que vai apurar a denúncia e que está em localizando o orientador do trabalho para buscar informações.

Entenda a nova polêmica

A nova polêmica surgiu depois que o doutor em economia Thomas Conti publicou em suas redes sociais  uma análise feita a partir da tese de mestrado defendida por Decotelli. Na tese, Conti encontrou trechos idênticos ao de um relatório publicado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), publicado em 2007, sem que fossem dados os devidos créditos ao material original.

Depois, com o uso de um site verificador de plágio que comparou os dois textos, Conti encontrou 4200 palavras idênticas, o que significa mais de 10% da tese de mestrado.


O pesquisador ainda levanta por casos em que Decotelli cita trechos de outros artigos acadêmicos, sem citar seus autores, caso de um escrito por Clóvis L. Machado-da-Silva e coautores, em 1998; e o artigo “A Abordagem Institucional na Administração” de Alexandre Rosa e Cláudia Coser, de 2004.

Defendida em 2008, a tese de mestrado de Decotelli teve o título “Banrisul do Proes ao IPO Com Governança Corporativa” e teve como orientador o professor Dr.Luis César Gonçalves.

Esta é a segunda polêmica que atinge Decotelli, recém chegado ao Ministério da Educação. Sua nomeação foi anunciada na quinta-feira 25.

A primeira se refere ao título de doutorado até então sustentado pelo novo ministro da Educação, e chancelado pelo presidente Jair Bolsonaro, mas não reconhecido pela Universidade de Rosário na Argentina.

Após o presidente anunciar a chegada de Decotelli e explanar seu currículo em um post nas redes sociais, o atual reitor da universidade argentina desmentiu que Decotelli tenha a titulação de doutor.


O Ministério da Educação reafirmou, em nota, a titulação de Decotteli, encaminhando um certificado que mostra o cumprimento dos créditos de doutorado. No entanto, em entrevista ao El País, o reitor afirmou que Carlos Decotelli foi reprovado no exame de qualificação da banca de doutorado na Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, e por isso não tem o diploma do curso, contrariando o que afirmava em seu currículo. “Ele apresentou uma versão escrita que foi julgada desfavoravelmente pelo júri e, portanto, não pôde fazer sua defesa oral”, disse.

O reitor da Universidade de Rosário também falou sobre a certificação à reportagem do El País. “Esse certificado confirma o que dissemos. Ele cursou o doutorado, mas não o concluiu. Falta aprovar a tese, que é a instância final para acessar o título de Doutor, portanto não é um Doutor da UNR”.

Após o caso, Decotteli editou o seu currículo na plataforma Lattes. Agora, no campo título, cita apenas “créditos concluídos” em 2009 e retirou o nome da tese “Gestão de Riscos na Modelagem dos Preços da Soja”. Também não aparece mais o nome do orientador Dr. Antonio de Araujo Freitas Jr. No campo dedicado a esta informação consta “sem defesa de tese”.

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