Educação

Ministro da Educação diz que é ‘impossível a convivência’ com crianças com certo grau de deficiência

Declaração ocorreu durante coletiva de imprensa em que Milton Ribeiro criticou o que chama de ‘inclusivismo’

O ministro da Educação Milton Ribeiro. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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O ministro da Educação, Milton Ribeiro, declarou que “é impossível a convivência” com crianças com algum grau de deficiência, durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira 19.

“Temos hoje 1 milhão e 300 mil crianças com deficiência que estudam nas escolas públicas. Desse total, 12% têm um grau de deficiência em que é impossível a convivência”, disse o ministro. “O que o nosso governo fez? Ao invés de, simplesmente, jogá-los dentro de uma sala de aula pelo inclusivismo, nós estamos criando salas especiais para que essas crianças possam receber o tratamento que merecem e precisam.”

A declaração ocorre na mesma semana em que o ministro afirmou, em entrevista à TV Brasil, que crianças com deficiência “atrapalham” o aprendizado de outros colegas.

“O que é o inclusivismo? A criança com deficiência era colocada dentro de uma sala de alunos sem deficiência. Ela não aprendia. Ela atrapalhava, entre aspas, essa palavra falo com muito cuidado, ela atrapalhava o aprendizado dos outros porque a professora não tinha equipe, não tinha conhecimento para dar a ela atenção especial.”

As colocações foram interpretadas como pejorativas. Em reação, o senador Romário (PL-RJ) disse que o ministro “revela um odioso e ultrapassado preconceito com as crianças com deficiência” e demonstra “total incapacidade para ocupar o cargo que tem”. Romário argumentou que as crianças não atrapalham quando estão em sala e que a presença delas também contribui para “uma importante lição, a de que somos diversos e que não podemos deixar ninguém para trás”. Milton Ribeiro, em resposta, alegou que as frases foram tiradas de contexto.

Como mostrou CartaCapital, crianças com deficiência estão entre as principais prejudicadas no aprendizado escolar durante a pandemia, devido ao ensino remoto. Crianças que não se comunicam oralmente, por exemplo, têm dificuldades de se encaixar em uma turma com aulas online, em que o ensino é apoiado na fala e na visão. Especialistas creem que há omissões por parte do poder público em relação a essa população e reforçam que a “educação inclusiva” não pode deixar de ser cumprida.

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