Educação
Ministro da Educação cita Cuba e Venezuela para responder críticas da UNE
Presidenta da entidade interrompeu sessão para cobrar a recomposição orçamentária das universidades e diálogo com os estudantes


O ministro da Educação, Milton Ribeiro, rebateu a intervenção da presidenta da União Nacional dos Estudantes, Bruna Brelaz, durante audiência pública na Câmara dos Deputados na quarta-feira 20.
A líder estudantil criticou o Ministério da Educação e o governo federal sobre a recomposição orçamentária do Ensino Superior.
“Eu tô aqui falando pelos estudantes brasileiros, é importante que esse parlamento tenha respeito com os estudantes do Brasil. A gente não vai se calar e não vai descansar enquanto a universidade não tiver no centro de desenvolvimento do País”, afirmou.
“A gente não pode calar enquanto existem estudantes que estão desistindo do Ensino Superior, quando existe uma fuga de cérebros, não adianta calar os estudantes”.
O governo se recusa a ouvir sobre a realidade caótica das universidades. Mas não vamos nos calar! Hj fui a comissão de fiscalização financeira da @camaradeputados para dar um recado ao @mribeiroMEC: estudantes estão desistindo do ensino superior, porque não tem apoio do governo. pic.twitter.com/LJQxpIB1wB
— Bruna Brelaz 💙 (@brunabrelaz) October 20, 2021
Após a interferência de Bruna, o ministro disse: “Respeito sua manifestação, mas se fosse em Cuba ou Venezuela não poderia fazer isso”.
O mandatário do MEC também voltou a atacar Paulo Freire atribuindo ao educador e filósofo os problemas da educação pública.
“Olha a que pé chegou a educação pública brasileira quando abraçou de olhos fechados algumas pedagogias. Não o avalio tão positivamente assim como o senhor. Respeito a trajetória desse educador, mas as evidências mostram que o modelo proposto nos últimos vinte anos foi um desastre em termos de educação”, disse em resposta ao deputado Elias Vaz (PSB-GO) que justamente cobrava o ministro pelos ataques recorrentes a Freire.
Ribeiro foi convocado pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara para explicar a ampliação e o desdobramento de institutos federais de educação, medida que, na análise da oposição, não viria para criar mais vagas e cursos e sim para indicar mais reitores alinhados com o governo. O ministro negou a intenção e afirmou que a ampliação foi orientada por questão geográfica e para beneficiar regiões que ainda não contam com um instituto federal nem com uma universidade.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.