Educação

MEC sinaliza recuo com método fônico na alfabetização

“A alfabetização de alunos não pode ser pautada por uma única metodologia. Cada pessoa tem que ser avaliada como indivíduo”, declarou a secretária de Educação Básica do MEC

Créditos: EBC
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O Ministério da Educação deve voltar atrás com a ideia de ofertar o método fônico como única solução para resolver os desafios da alfabetização no País. As informações são do O Globo.

Ao participar de um debate promovido pelo Movimento Todos pela Educação em parceria com a FGV e o MIT na terça-feira 19, em São Paulo, a secretária de Educação Básica do MEC, Tânia Almeida, afirmou: “a alfabetização de alunos não pode ser “pautada por uma única metodologia. Cada pessoa tem que ser avaliada como indivíduo”.

Segundo Almeida, as políticas para a educação básica serão construídas em parceria com estados e municípios, e baseadas em “evidências científicas”.

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A defesa do método fônico como única alternativa para a alfabetização foi ventilada pelo secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, que assumiu a recém criada pasta, após a dissolução da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão Social (Secadi).

A ideia gerou críticas de especialistas e instituições que lidam com a alfabetização. Em entrevista ao Carta Educação, a professora emérita da UFMG, Magda Soares, que foi duramente atacada por Nadalim em seus vídeos que questionam o letramento, considerou a defesa do método fônico como única metodologia “uma atitude simplista e ignorante“.

Na onda de reações contra a possível estratégia, mais de 100 organizações, juntamente com a Associação  endereçaram uma carta ao Ministério da Educação  pedindo diálogo na elaboração das políticas de alfabetização – o tema está entre as metas prioritárias para os 100 dias de governo.

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O documento defende a  a “pedagogia da alfabetização”, que não nega sua faceta fonológica, mas que tampouco considera um único método.

“Compreendida como um direito de todos, a alfabetização exige que a escola, como instituição social, cumpra seu papel de ensinar os princípios básicos da escrita alfabética, mas, também de promover conhecimentos que possibilitem, aos indivíduos e aos respectivos grupos, utilizar a escrita como prática social, em contextos os mais diversos. Se existe uma alfabetização como conjunto de habilidades, essa só se desenvolve plenamente se os indivíduos e grupos fazem uso efetivo dessas habilidades”, traz grafada a carta.

É nesse contexto que os signatários defendem o letramento como processo indissociável da alfabetização. “O letramento é o caminho cultural e social que se faz entre a aquisição do sistema alfabético e o seu uso, não sendo, portanto, um contraponto à alfabetização”.

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