Educação

‘Máfia das creches’: PF indicia 111 e mantém investigação sobre Ricardo Nunes

O relatório, concluído na terça-feira 30, foi assinado pelo delegado Adalto Machado

‘Máfia das creches’: PF indicia 111 e mantém investigação sobre Ricardo Nunes
‘Máfia das creches’: PF indicia 111 e mantém investigação sobre Ricardo Nunes
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Foto: José Cícero / Agência Pública
Apoie Siga-nos no

A Polícia Federal concluiu que houve desvio de dinheiro público na gestão de creches municipais pela prefeitura de São Paulo, com base no inquérito sobre a chamada ‘máfia das creches‘. A corporação indiciou 111 pessoas suspeitas de participação no esquema e decidiu prosseguir em uma apuração sobre o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Apesar dos indiciamentos pela PF, eventuais denúncias devem partir do Ministério Público. Nunes não está na lista de indiciados.

“Fica demonstrada de maneira concreta a existência de um complexo esquema criminoso, formado por escritórios de contabilidade, Organizações da Sociedade Civil e empresas fornecedoras (‘noteiras’), atuando de forma coordenada para o desvio de verbas públicas”, diz um trecho do relatório da PF, assinado pelo delegado Adalto Machado.

A conclusão é que houve fraudes em prestações de contas em prol de pessoas ligadas às instituições, além de superfaturamento por parte de fornecedores vinculados às creches.

A PF também determinou a continuidade das investigações sobre o suposto envolvimento de Ricardo Nunes, no período em que foi vereador em São Paulo.

A suspeita é que o emedebista tenha recebido repasses ilegais por meio de uma empresa “noteira” responsável pela contabilidade de entidades que mantêm convênios com a prefeitura para administrar creches. Entre elas está a organização social Associação Amigo da Criança e do Adolescente, a Acria, que foi presidida por uma ex-funcionária da Nikkey Serviços Ltda., empresa ligada à família de Nunes.

Segundo a investigação, entre 2018 e 2020, a Acria fez compras e contratou serviços que totalizaram 2,5 milhões de reais de uma empresa chamada Francisca Jacquline Oliveira Braz Eireli. Esta companhia, contudo, devolveu 1,3 milhão de reais à Acria, em transações que são alvo de investigação.

A empresa de Francisca também realizou uma transferência de 20 mil reais para a conta da Nikkey e Nunes depositou em sua própria conta dois cheques da firma, totalizando 11,6 mil de reais, segundo a PF.

“É suspeita essa relação do então vereador Ricardo Nunes, atual Prefeito de São Paulo, com uma das principais empresas atuante do esquema criminoso de desvio de verba pública do município de São Paulo, Francisca Jacqueline Oliveira Braz Eireli, que movimentou a quantia de R$ 162.965.770,02 no período do afastamento bancário, como também a OSC Acria – Associação Amigo da Criança e do Adolescente”, diz um trecho do documento.

CartaCapital entrou em contato com a assessoria de Ricardo Nunes e atualizará esta matéria quando obtiver uma resposta.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo