Educação

Liderança do PSOL quer barrar comissão do Inep para avaliar Enem

Para membros do partido, portaria que permite a criação da comissão viabiliza censura prévia anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro

Liderança do PSOL quer barrar comissão do Inep para avaliar Enem
Liderança do PSOL quer barrar comissão do Inep para avaliar Enem
Apoie Siga-nos no

A liderança do PSOL na Câmara dos Deputados protocolou um decreto legislativo na quinta-feira 21 para barrar a criação da comissão no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) que teria como objetivo avaliar as questões do Enem.

O texto fala em sustar a portaria nº 244 do MEC/Inep que defende uma “leitura transversal das questões contidas na prova para adequá-las a uma realidade social”.

Os autores do decreto e representantes do partido Luiza Erundina, Ivan Valente e Sâmia Bomfim (PSOL-SP), David Miranda, Glauber Braga, Marcelo Freixo e Talíria Perone (PSOL-RJ), Áurea Carolina (PSOL-MG), Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) alegam que a portaria viabiliza a censura prévia anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro.

“Logo depois das eleições, o presidente Jair Bolsonaro anunciou sua intenção de impor censura rigorosa às questões formuladas no Enem. Movido pelo desejo de censura, sem qualquer base legal ou constitucional, o presidente anunciou que analisaria as questões do Enem antes da aplicação das provas e atribuiu ao Ministro da Educação a tarefa de encontrar um caminho para viabilizar este objetivo”, mencionam no texto.

Leia também: Ex-presidente do Inep: Comissão do Enem deve ser técnica, não política

Desvio de finalidade

Justificada anteriormente pelo Inep como uma atividade técnica, a leitura transversal que seria praticada pela comissão é entendida pela liderança do PSOL como uma ação de “desvio de finalidade”, que ainda pede a sua “urgente suspensão”, sob o risco de “trazer enormes prejuízos ao erário e à sociedade brasileira”.

Além de defender a educação como um direito social, que deve ser ministrado com base na liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, e também o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, todos princípios constitucionais, o decreto menciona o inciso V do art. 49 da Constituição Federal, que atribui importantíssima competência exclusiva ao Congresso Nacional de sustar atos normativos do Poder Executivo “que exorbitem do poder regulamentar”.

Leia também: Pela primeira vez em 22 anos, Enem terá “supervisão” do governo

Também na quinta-feira, o Ministério Público, via Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), encaminhou ofício ao Inep questionando a necessidade da comissão, os critérios para analisar a prova e a qualificação de seus membros. O documento dá prazo de cinco dias para que o órgão encaminhe suas justificativas.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo