Educação

Ler para as crianças

Ao ouvir histórias, os bebês, assim como as crianças, têm seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social estimulado

Professora lê com crianças na pré-escola
Leitura
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Por que as crianças gostam de ouvir histórias? Como os adultos podem ler contos e poemas para elas? A história contada é diferente da lida? São questões que devem ser discutidas entre os educadores e também no seio das famílias. A leitura é um alimento necessário para a participação na vida social e para a formação cidadã da criança.

Ao aprender a ler, ela se apropria do mundo ao seu redor. Isso se dá quando diferentes práticas de leitura acontecem, com a aproximação a uma diversidade de livros.

As crianças hoje são levadas para a escola cada vez mais cedo, antes mesmo de completarem os primeiros anos, e a escola passa a ser o lugar onde ela precisa brincar, aprender e ser cuidada. Brincar é uma atividade necessária para todos.

Na infância, a brincadeira possibilita o exercício da fantasia e facilita a comunicação. Mesmo que não haja brinquedos, a criança os inventa.

Leia atividade didática para a Educação Infantil sobre leitura

Expectativas de aprendizagem: Familiarizar-se com diferentes suportes: revistas, livros, jornais; Acompanhar a leitura de textos lidos em voz alta por adultos

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Dicas para escolher livros e autores para as crianças

1) Na sua sala de aula há um canto para a leitura? Há livros para as crianças manusearem e lerem? Crie um espaço! Você poderá colocar livros para os alunos lerem e outros para você ler com e para eles.

2) Não selecione apenas livros de plástico, emborrachados e de tecido. Eles não costumam trazer poemas nem contos ficcionais. São informativos e cumprem a função de estimular os sentidos. Devem ser bem higienizados, pois o tecido acumula poeira e fungos. Além desses, o aluno precisa de livros com histórias e versos, obras que atravessam os anos da infância.

3) Dê preferência aos livros cartonados se as crianças têm menos de quatro anos. Com poucas páginas e grossas, costumam ser leves, ter fundo claro, letras grandes, muitas imagens e pouco texto. Eles não machucam as crianças, principalmente quando apresentam as pontas arredondadas. Selecione contos de fadas, do folclore brasileiro e de outros povos. Se forem adaptações, veja se está informado o adaptador. Dê preferência a autores consagrados e conhecidos. Pesquise em sites de instituições, como o da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (fnlij.org.br). Visite também o site do projeto Paralapracá, do Instituto C&A: www.paralapraca.org.br. Foi especialmente criado para a Educação Infantil.

4) Invista em obras que abordam as relações pessoais, o cotidiano, as brincadeiras. Autores nacionais que não podem faltar na sua seleção (além dos clássicos internacionais): Ana Maria Machado, André Neves, Bartolomeu Campos de Queirós, Cecília Meireles, Eva Furnari, Joel Rufino dos Santos, Mary & Eliardo França, Ruth Rocha, Sylvia Orthof e Ziraldo.

5) Quando a criança folhear ou ler o livro, não importa se foi até o final. O tempo dela é diferente do adulto e de todas as outras crianças e a leitura literária não é um exercício com início, meio e fim. Ela pode ser interrompida, feita em partes e não ser terminada. Ao ler para os pequenos, procure ler antes e escolher. Os bebês não têm fôlego para longas leituras e sua atenção pode ser desviada pela presença de ruídos ou estímulos diferentes.

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Desde pequena, ela estabelece uma relação com algum objeto ao seu redor, que pode ser um brinquedo ou também um livro. É por meio do contato com esses objetos que ele vai conhecer as coisas e as pessoas: ao tocar, ao levar à boca, ao sentir o que existe perto dele. Ele descobre ruídos, texturas, sabores, cheiros, cores.

Ao mesmo tempo, a entrada no universo da linguagem se dá antes mesmo de a criança entrar para a escola. A maneira como os adultos a cuidam: o olhar, os gestos, os ruídos (desde os sons sem sentido às cantigas), tudo isso inaugura o processo da aproximação à leitura. Antes da comunicação verbal, o bebê aprende a comunicação não verbal, revelada pelos modos como os adultos se interagem com ele.

Em pesquisa recente da Fundação Itaú Social, 96% dos brasileiros consideram importante ou muito importante o incentivo à leitura para crianças pequenas, de até cinco anos. Porém, apenas 37% dos entrevistados costumam ler livros ou histórias para elas. Por que poucos adultos leem para as crianças? Quais receios ou falta de informação podem desencadear esses resultados?

A leitura não atrapalha o desenvolvimento escolar da criança, ela é uma ferramenta para os pais e educadores. As crianças precisam ouvir histórias para aguçar sua imaginação. Isso facilita o processo de letramento, de aquisição da leitura e escrita autônomas. Ao ouvir histórias, seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social é estimulado.

A escola, como um espaço cultural, tem um potencial para educar, entreter, alimentar, cuidar dos alunos. Os educadores podem e devem criar situações lúdicas em que os sons e as palavras são os instrumentos para introduzir a criança no mundo da literatura.

Ao cantar versos para as crianças ou juntamente com elas, o educador traz um ritmo e uma melodia que são repetidas por elas.

Novas palavras e novos sons são descobertos. Ao fazer uma roda e ler uma história ou um poema, o educador estabelece um momento de encantamento e de descobertas. A criança espera a hora do conto ou a rodinha de histórias. Isso pode ser uma rotina na prática escolar.

Muitas vezes, por falta de informação ou de esclarecimentos, o contato com a leitura se dá de uma forma mecânica e pouco natural. Ao cantar (cantigas de ninar e de roda, adivinhas, parlendas) para os bebês e crianças, os adultos contribuem para a aproximação deles à literatura.

A tradição oral revela um manancial de expressões que podem iniciar os pequenos no universo literário. Ao mesmo tempo, a cultura letrada está cada vez mais perto de nós e o direito à leitura literária deve ser de todos.

A literatura, por ser uma invenção em palavras, abre um leque de possibilidades interpretativas que o texto informativo não tem.

Antes de a criança frequentar a escola, os pais deveriam envolvê-la com a literatura, seja por meio dos acalantos, das cantigas, seja por meio dos livros de histórias e de poesia. É importante a criança ouvir o texto lido. Um conto lido é diferente de uma história contada.

O que está escrito tem pausas, silêncios, ritmos próprios da língua escrita. A voz e a cadência da leitura marcam uma relação de confiança, de acolhimento para quem ouve.

Para tanto, é necessário que o local seja preparado para o conforto das crianças, estejam sentadas ou deitadas. O adulto deve ler e ao mesmo tempo olhar para as crianças.

Não deve se preocupar com conteúdos pesados (a violência, por exemplo) que estejam em textos ficcionais. A ficção é uma coisa que foi criada para divertir, distrair quem lê.

As crianças sabem que nos livros há histórias cheias de encantamento, de fantasia, de terror. Elas precisam disso para viver, para elaborar as vicissitudes da vida cotidiana.

Quando sonhamos, reproduzimos imagens e sensações que fogem ao nosso controle, à nossa razão. As histórias ficcionais são feitas também desse material dos sonhos: da desrazão, daquilo que não tem explicação racional.

Esses elementos presentes na literatura ajudam as crianças a entenderem os mistérios da nossa existência: o crescimento, as mudanças no corpo, as separações e as faltas.

As famílias devem se comprometer com o trabalho desenvolvido pela escola. O educador pode convidar os responsáveis pelas crianças para encontros com a leitura de obras selecionadas. Por sua vez, pedir a criança para trazer um livro de casa é uma maneira de conhecer o repertório da família.

Um convite aos pais para ler para as crianças ou contar uma história (quando não conseguem ler) pode ser um passo para um vínculo entre a escola, a família e a leitura.

Uma vez por mês contar com a presença de um familiar que vai ler uma história e conversar pode ser a consolidação de um trabalho literário que aproxima a criança, a escola e a família da literatura.

* Ninfa Parreiras é psicanalista, professora e autora de obras literárias e de ensaios para adultos, como O Brinquedo na Literatura Infantil: Uma Leitura Psicanalítica (Biruta) e Do Ventre ao Colo, do Som à Literatura: Livros para Bebês e Crianças (RHJ)

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