Educação
Indicação de Renato Feder para o MEC desagrada progressistas e bolsonaristas
Nome de Bolsonaro para o MEC recebe críticas por defender privatização da educação. Proximidade com Doria desagrada apoiadores do presidente
A indicação do secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, para o Ministério da Educação repercutiu nas redes sociais. Entre as lideranças que defendem a educação pública e lutam por uma agenda de mais investimentos e qualidade, salta aos olhos o perfil privatista do homem que, inclusive, já chegou a defender expressamente a privatização do ensino, com a entrega de vouchers e a extinção do próprio MEC.
Para o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, a chegada representaria “a mais grave ameaça privatista da história do MEC”.
Alguns bolsonaristas também não se sentiram representados pelo novo cotado. Feder tem proximidade com o governador de São Paulo, João Doria. O youtuber Bernardo Kuster usou suas redes sociais para dizer que “a coisa foi feita pra apaziguar a oposição, agradar o comando maluco e empresários”, escreveu. “Ao que tudo indica, Feder é um gestor competente, mas o problema vai além disso.”
Veja como repercutiu a indicação nesta sexta-feira 3.
1. Fernanda Melchionna, deputada federal (PSOL-RS)
Bolsonaro reforça o ataque à educação pública com o novo min. da Educação e mostra que para fazer parte do gov é necessário estar envolvido em escândalos. Renato Feder já foi denunciado por fraude e prega a privatização do ensino. Nenhuma surpresa. A solução é o #ForaBolsonaro
— Fernanda Melchionna (@fernandapsol) July 3, 2020
2. Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação
Se confirmada, a escolha de Renato Feder representa a mais grave ameaça privatista da História do MEC.
Como Feder entra enfraquecido, por ter sido preterido por C. A. Decotelli, vai querer mostrar serviço – o que sob o bolsonarismo significa destruir. E privatizar é destruir.— Daniel Cara (@DanielCara) July 3, 2020
3. Tatiana Roque, coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ
O currículo do novo ministro da educação Renato Feder parece ser verdadeiro. E tudo indica que será verdadeiramente uma catástrofe para o setor público. Pior que Decotelli, que não parecia ter força para implementar uma agenda. Ok é cedo. Mas fiquei mais tensa com a escolha atual
— Tatiana Roque (@tatiroque) July 3, 2020
4. Rozana Barroso, presidenta da Ubes
VOCÊ SABE O QUE É O HOMESCHOLING?
Renato Feder, possível novo Ministro da Educação, é defensor do homescholing como opção de ensino, que consiste na substituição das aulas presencias em escolas e com professores pelo ensino em casa e dada pelos pais. Já imaginou isso no Brasil?
— Rozana Barroso (@RozanaBarroso) July 3, 2020
5. Carina Vitral, ex-presidenta da UNE
Com essa indicação, Bolsonaro saiu da ala olavista pra sanha privatista. É preciso organizar a resistência pra salvar a educação pública. https://t.co/apGW7Pj7ov
— Carina Vitral (@carinavitral) July 3, 2020
6. Perpétua Almeida, deputada federal
Eis o “currículo” de Renato Feder, cotado p o MEC:
– defende fechar Senado e deixar só 20% dos deputados;
– defende privatizar o ensino;
– defende extinção do Ministério da Educação (para o qual está sendo cotado).
Não foge à regra, + um q fará Darcy Ribeiro se revirar no túmulo— Perpétua Almeida (@perpetua_acre) July 3, 2020
7. Andressa Pellanda, coordenadora da Campanha Nacional pelo Direito à Educação
Feder, novo ministro, segue a mesma linha do anterior: defende privatizações e uma perspectiva de educação reducionista. Merece a mesma desconfiança. O estrago do ‘técnico’ é o mesmo do ‘ideológico’: ambos seguem a mesma ideologia antidireitos e anticiência do Bolsonarismo.
— Andressa Pellanda (@drepellanda) July 3, 2020
8. Talíria Petrone, deputada federal
Como era de esperar, o novo Ministro da Educação, Renato Feder, é mais um empresário antipovo. Já defendeu o fim do MEC e a privatização da educação, deixando os mais pobres sem escolas. É outro que defende o não investimento na educação.
A única certeza: só a luta muda a vida!— Talíria Petrone (@taliriapetrone) July 3, 2020
O que dizem os bolsonaristas
1. Bernardo Kuster, youtuber
Milicada vai pôr Renato Feder como Ministro da Educação. O anúncio deve vir em breve, talvez hoje. A coisa foi feita pra “apaziguar” a oposição, agradar o Comando Maluco e empresários. Ao que tudo indica, Feder é um gestor competente, mas a o problema vai muito além disto.
— Bernardo P Küster 🇧🇷 (@bernardopkuster) July 3, 2020
2. Fernanda Salles, jornalista
Quando a mídia usa o termo “apaziguar” para descrever ações do governo = governo abrir mão de valores conservadores na hora de suas decisões/ações para não desagradar os agentes do establishment.
— Fernanda Salles (@reportersalles) July 3, 2020
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