Estudantes da USP e Unifesp identificam pichações de teor nazista nas instituições

A apologia ao nazismo é considerada crime com previsão de reclusão de dois a cinco anos e pagamento de multa

Suásticas foram encontradas em parede do DCE da USP. Créditos: Divulgação

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Estudantes da USP e Unifesp encontraram pichações de suásticas, símbolo nazista, em pelo menos quatro espaços das instituições. Em um dos casos, a pichação continha uma ameaça a um estudante do movimento negro.

Na USP, uma das manifestações foi encontrada na quarta-feira 30 dentro de um elevador. Na terça-feira 29, pelo menos oito suásticas também foram identificadas em uma parede do Diretório Central dos Estudantes, no campus da universidade, na zona oeste da capital. A parede continha assinaturas de nomes de calouros feitas no início do ano.

No fim da tarde do mesmo dia, estudantes também se depararam com uma suástica desenhada a giz em uma parede de madeira da sala Frederico Steidel da Faculdade de Direito da USP, na região central da cidade.

A reportagem de CartaCapital procurou a USP para saber quais medidas foram tomadas. A universidade disse, em nota, que ‘não admite qualquer forma de apologia ao nazismo e ao preconceito racial em suas dependências’, mas não mencionou o registro de boletim de ocorrência.

A USP informou que, na quarta-feira 29, por volta das 18h, a Guarda Universitária esteve no local, identificou as suásticas e solicitou aos responsáveis pelo DCE que as pichações fossem apagadas imediatamente. Acrescentou que apura, em conjunto com o DCE, a identificação do autor ou autores das pichações.

Na Unifesp, as pichações foram identificadas no último dia 23 em um dos banheiros masculinos do campus de Guarulhos. O desenho da suástica foi acompanhado da frase: “Maurício CPF cancelado”, um aluno reconhecido entre os estudantes por defender os direitos da população LGBTQIA+ e dos negros.


Em nota, a universidade disse acionou a Polícia Federal ao tomar conhecimento do caso e se colocou à disposição para contribuir com a identificação do autor. Também afirmou “repudiar toda e qualquer forma de violência contra os membros de sua comunidade”.

A apologia ao nazismo é considerada crime pela Lei 7.716/1989 que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. O texto da lei estabelece que é crime ‘praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional’, com pena de reclusão de um a três anos e multa. Além de ‘fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo’, com previsão de reclusão de dois a cinco anos e multa.

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