Educação

Entidades repudiam apologia ao estupro feita por estudantes de Medicina em São Paulo

A Faculdade Santa Marcelina abriu um procedimento interno e disse que os alunos responsáveis pelos atos serão penalizados

Entidades repudiam apologia ao estupro feita por estudantes de Medicina em São Paulo
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Créditos: Reprodução
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Organizações da sociedade civil repudiaram a conduta de alunos de Medicina da Universidade Santa Marcelina, em São Paulo, que exibiram uma faixa com apologia ao estupro durante um torneio universitário.

O caso aconteceu no último sábado 15, em um evento esportivo voltado aos calouros. Na ocasião, um grupo de pelo menos 24 estudantes  foi fotografado levantando um cartaz com a frase “entra porra, escorre sangue”.

O trecho faz parte de um antigo “hino” da atlética da faculdade — banido em 2017 — que contém outras referências de cunho sexual e machista.

Na carta de repúdio, endereçada à reitoria da universidade, as entidades cobram investigação e campanhas de conscientização permanentes sobre direitos humanos e combate à violência de gênero.

As organizações destacam ser criminoso qualquer ato que justifique a violência sexual e enfatizam que a conduta contribui diretamente para manter um ambiente social hostil, violento e discriminatório, especialmente com mulheres, crianças, jovens e demais grupos vulneráveis.

“Precisamos ampliar a capacidade da sociedade de combater o estupro”, diz o texto. “Ressaltamos aqui que é inadmissível a permanência de pessoas que fazem apologia ao estupro dentro de um sistema de ensino e rechaçamos profundamente a postura conivente da universidade que permitiu que seu ambiente institucional tenha se tornado palco para tais manifestações criminosas.”

Assinam a carta as organizações Instituto Lamparina, Instituto AzMina, Nem Presa Nem Morta, Instituto Patrícia Galvão, Cepia- Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação, CRIAR Brasil, Associação Gênero e Número, Anis – Instituto de Bioética e Grupo Curumim.

O episódio também gerou manifestações de repúdio na própria universidade. Na segunda-feira 17, houve um protesto do Coletivo Francisca, um grupo feminista formado por alunas e ex-alunas de Medicina da Faculdade Santa Marcelina, que encaminhou uma denúncia formal à direção do curso.

“Roga-se pela investigação dos atos ocorridos, e por uma resposta institucional comprometida com a criação de um ambiente seguro para todas as alunas e alunos, pautadas pelo respeito coletivo e o decoro exigido pela profissão médica”, diz um trecho do documento encaminhado pelo coletivo.

A Faculdade Santa Marcelina afirmou em nota ser “veementemente” contra a postura dos estudantes envolvidos, informou ter aberto um procedimento interno para apuração dos fatos e acrescentou que os alunos responsáveis serão penalizados conforme a gravidade da infração. Entre as punições estão advertências verbais e escritas, suspensão e expulsão.

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