Educação

Diretora de escola sugere usar ‘chicote do bom’ contra professora negra

Professora de colégio particular de Maceió registrou boletim de ocorrência, acusando a instituição de racismo

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Uma professora de um colégio particular de Maceió, Colégio Agnes, afirma ter sofrido racismo dentro da instituição. A docente Taynara Cristina Silva relatou ao Universa que, na manhã da quarta-feira 5, teve sua aula interrompida pela diretora e proprietária da instituição, acusando-a de ser a culpada pelo seu filho ter batido o carro. O rapaz trabalha na administração da escola e estaria conversando em um aplicativo de mensagens com a professora, antes do ocorrido. Segundo o relato de Taynara, os estudantes do colégio saíram em sua defesa, questionando a conduta do filho da diretora de usar o celular enquanto dirige.

A gestora respondeu: “‘A Taynara é muito ousada. Quando vocês forem a Ouro Branco [no sertão de Alagoas], onde tem o melhor couro, compre um chicote do bom para eu dar uma chicotada nela para que ela relembre do tempo que ela pretende voltar —e que fala tanto sobre'”.

Acusada de racismo pela professora e estudantes que presenciaram a situação, a diretora teria tentado remediar a situação. “Disse que foi um teste, que foi brincadeira ‘para ver se vocês [os alunos]  estão absorvendo a aula'”, relatou a docente à reportagem. “Só que isso não existe nem de brincadeira. Quando ela saiu da sala, algumas alunas negras choraram pelo ato. Eu também chorei horrores”, completou Taynara.

 

Ainda de acordo com a docente, a diretora a teria procurado para pedir desculpas pela situação: “Ela disse que a empregada dela é como se fosse da família e que foi uma brincadeira. E ainda disse que poderia ter escolhido uma professora branca, mas me escolheu ‘mesmo sendo negra’. E eu respondi que não sou competente apesar de negra: eu sou competente e negra”, afirmou.

A professora registrou um boletim de ocorrência sobre o acontecido. O Sindicato dos Professores de Alagoas também prestou queixa alegando injúria racial. Taynara ainda afirmou à reportagem que não tem carteira de trabalho assinada e que pretende acionar a Justiça do Trabalho em denúncia de assédio moral.

A OAB se manifestou sobre o caso por meio de nota e classificou o ocorrido como injúria racial. “É inaceitável que atos discriminatórios e racistas continuem sendo praticados. Preconceito e segregação não podem mais ser tolerados”, diz um trecho do texto.

Em apoio a Taynara, alunos e ex-alunos do colégio fizeram protestos dentro da unidade, e também confirmaram as declarações por parte da diretora. A escola não se manifestou publicamente sobre o caso, mas um de seus diretores, Matheus Oliveira, declarou à reportagem que a instituição repudia “qualquer tipo de preconceito racial, de classe e orientação sexual” e prometeu apurar o caso.

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