Educação
Deputada pede à PF que apure se Nunes facilitou a ‘máfia das creches’ ao revogar portaria
Em 2022, o prefeito revogou uma portaria que limitava os valores pagos para aluguéis nas creches conveniadas


A deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP) pediu à Polícia Federal que apure se o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), facilitou um suposto esquema de desvio de verba pública no caso conhecido como ‘máfia das creches’ ao revogar, em 2022, uma portaria que limitava os valores pagos para aluguéis nas creches conveniadas.
“É no mínimo suspeito que Nunes, investigado pelo desvio de recursos municipais enviados às creches para arcar com gastos de aluguéis, alimentos e outras despesas, tenha derrubado uma portaria que limitava a 0,8% do VVR os valores dos aluguéis pagos a entidades parceiras e suportados com recursos repassados pelo Município de São Paulo”, diz a parlamentar no ofício.
Uma investigada no caso acusou Nunes de receber repasses de um suposto esquema que envolveria organizações sociais que gerem as escolas conveniadas, escritórios de contabilidade e fornecedores, que trabalhariam como empresas “noteiras”. O prefeito nega qualquer envolvimento em atos ilícitos.
Cavalcante cita uma apuração feita por sua equipe que teria constatado que a Crescent Empreendimentos Participações LTDA., proprietária de dois imóveis locados pela Associação Amiga da Criança e do Adolescente (Acria) para sediar creches, teria como sócio um ex-subprefeito indicado por Nunes. A Acria é uma entidade que gere creches conveniadas da prefeitura de São Paulo.
Ainda de acordo com a deputada, seria possível verificar um superfaturamento na locação dos dois imóveis à Acria.
Na quarta-feira 31, a Polícia Federal finalizou o relatório sobre o caso, pedindo o indiciamento de 111 suspeitos no caso da “máfia das creches”. Nunes não está na lista, mas a corporação decidiu prosseguir em uma investigação sobre o prefeito.
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