Educação

Câmara do MPF confirma arquivamento de inquérito contra aluna que criticou reitora

Estudante Ana Flávia Lira foi alvo de investigação após criticar a reitora da universidade, Ludimilla de Oliveira, escolhida por Bolsonaro

Câmara do MPF confirma arquivamento de inquérito contra aluna que criticou reitora
Câmara do MPF confirma arquivamento de inquérito contra aluna que criticou reitora
A reitora da Ufersa não foi a primeira colocada em votação da comunidade acadêmica, mas escolhida por Bolsonaro. Créditos: divulgação / Ufersa
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A 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (2CCR/MPF) homologou nessa segunda-feira 6 o arquivamento de um inquérito policial contra a estudante da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), Ana Flávia Lira. A aluna foi alvo de investigação após criticar a reitora da universidade, Ludimilla de Oliveira, que a acusou de calúnia, difamação, ameaça e associação criminosa.

A relatora do caso no colegiado, a subprocuradora-geral da República Luiza Cristina Frischeisen, entendeu que as críticas de Ana Flávia Lira “foram realizadas dentro do contexto acadêmico em razão de discordância de estudante(s) quanto à licitude ou não de sua nomeação, pelo Presidente da República, para o cargo de Reitora da Universidade, uma vez que ocupava o 3° lugar na lista de eleição para o cargo”.

Ainda de acordo com a relatora, “embora duras, ásperas e contundentes as declarações, não se verifica a configuração dos crimes de calúnia, injúria ou difamação, mas sim o exercício da liberdade de expressão, da livre manifestação do pensamento, do direito de crítica e do debate acadêmico em torno de uma ideia que reputou-se ilegale inconstitucional”. A subprocuradora-geral também confirmou o entendimento de que não foram configurados os crimes de ameaça e associação criminosa.

A 2CCR ainda destacou que o arquivamento pelo MPF em Mossoró cumpriu a legislação e orientações do MPF e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que não determinam a necessidade de apreciação do Judiciário.

Entenda o caso

No dia 21 de setembro, o Ministério Público Federal arquivou o inquérito contra a estudante, ato que foi invalidado pela Justiça Federal do Rio Grande do Norte. O MPF recorreu da decisão no dia 29 e, agora, confirma o arquivamento pela 2ª Câmara de Coordenação e Revisão.

O MPF também chegou a entrar com uma ação penal contra a reitora por denunciação caluniosa, que também foi arquivada pela Justiça.

A ação movida contra a estudante destacava que Ana Flávia Lira teria se manifestado em um grupo de mensagens contra a nomeação da reitora Ludimilla de Oliveira, utilizado termos como “golpista” e “interventora” e que ela não entraria na Ufersa nem de helicóptero.

A UFERSA integra a lista de 14 universidades federais que não seguiram o rito de nomear como reitor o primeiro indicado de uma lista tríplice, conforme apresentada pela comunidade acadêmica. A nomeação de Ludimilla sofreu a interferência do presidente Jair Bolsonaro.

O candidato Rodrigo Codes foi o primeiro colocado na eleição para a reitoria da UFERSA, no campus Mossoró, com 37% dos votos válidos. A nomeada, contudo, foi Ludimilla Oliveira, embora tenha conseguido apenas 18% e terminado na terceira colocação.

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