O presidente Jair Bolsonaro declarou na segunda-feira 3 que pediu para não ver os erros do Enem, por estar “de cabeça cheia”. “Ele [o ministro da educação Abraham Weintraub] queria apresentar pra mim os dados. Eu não quis (estava), com a cabeça cheia. Hoje eu saturei. Não conversei”, declarou.
Em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente ainda minimizou os erros do Enem 2019. “Quase todos os anos tem problema. Representa menos de xero vírgula alguma coisa, o problema”, disse. Em outra situação, sem demonstrar qualquer evidência, Bolsonaro cogitou a possibilidade de sabotagem.
O tipo de problema registrado no Enem 2019 foi inédito na história do exame. Em nenhuma outra edição houve a divulgação de notas erradas da prova objetiva, corrigidas de forma digitalizada. A edição também teve o maior número de afetados diretos desde 2010. As falhas na correção da prova afetaram 4.974 estudantes, segundo o Inep.
A crise acerca do Enem tem gerado uma pressão sobre o ministro Abraham Weintraub. Com a volta das atividades no Congresso, parlamentares planejam uma ofensiva contra o ministro da educação para que ele explique os erros e também dê justificativas sobre as providências adotadas pelo ministério. Os trabalhos legislativos foram reiniciados, mas as comissões temáticas, como a de educação, só voltam a se reunir no fim do mês. Para manter o tema em evidência, parlamentares da oposição não descartam tentar convocá-lo a depor no plenário ou pedir para que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acelere a recomposição dos colegiados.
Maia tem tecido críticas à atuação de Weintraub frente ao MEC e chamouo de “desastre”. “O ministro da Educação atrapalha o Brasil, atrapalha o futuro das nossas crianças, está comprometendo o futuro de muitas gerações. Cada ano que se perde com a ineficiência, com um discurso ideológico de péssima qualidade na administração, acaba prejudicando os anos seguintes. Mas quem demite e quem nomeia ministro é o presidente”, afirmou Maia após participar de um evento sobre economia e as reformas necessárias ao país em São Paulo.
“Ele é um desastre, acho que atrapalha o futuro de milhões de crianças. A situação é grave. Mas se vai demitir ou não, eu não tenho preocupação com isso. Este não é o meu papel. Perguntaram minha opinião e eu falei”, emendou o presidente da Câmara.
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