No fim de 2014, a dificuldade dos brasileiros em dominar e aplicar conceitos de Ciência em situações cotidianas tornou-se evidente com a divulgação do primeiro Indicador de Letramento Científico (ILC) do País. Elaborado pelo Instituto Abramundo em parceria com o Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa, o estudo mostrava que apenas 5% da população podia ser considerada proficiente em linguagem científica, isto é, capaz de elaborar argumentos sobre a veracidade de hipóteses, demonstrar domínio de unidades de medida e questões relacionadas ao meio ambiente, saúde, astronomia e genética.
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Um número preocupante considerando-se a importância do conhecimento científico para uma compreensão mais crítica do mundo e para a solução de desafios econômicos, sociais e ambientais da atualidade.
Nesse sentido, uma iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em parceria com a revista científica Nature, referência internacional no segmento, e do laboratório farmacêutico Roche surge como reforço para tentar reverter esse quadro. Trata-se do lançamento da Biblioteca Mundial da Ciência (em inglês, Word Library of Science – WLOS), no ar desde novembro de 2014.
Pensada como um grande agregador de conteúdo científico, a plataforma gratuita, que se encontra em fase inicial, já reúne mais de 300 artigos, 25 livros e mais de 70 vídeos e animações de temas como genética, biologia celular, evolução, entre outros. Ao clicar sobre um texto ou qualquer outra mídia sobre determinado assunto, uma lista de outros materiais sobre o mesmo tópico aparece instantaneamente para o usuário com a finalidade de que ele continue sua exploração.
Além disso, a ferramenta funciona como um centro comunitário para aprendizagem. A partir de um cadastro na plataforma, os usuários podem criar pequenas “salas de aula”, participar de palestras, fazer lições, iniciar grupos de discussão e se conectar com outros participantes. Hoje mais voltada à área biológica, os planos futuros para a plataforma envolvem expandir a oferta de conteúdos para outras disciplinas, bem como a tradução do material em vários idiomas.
Segundo Irina Bokova, diretora-geral da Unesco, o propósito do portal é equalizar o acesso a recursos de alta qualidade para a educação científica e informações mais recentes sobre a ciência para estudantes do mundo inteiro, sobretudo, aqueles que vivem em regiões mais vulneráveis. E, claro, inspirar a curiosidade, aprendizado e formação de estudantes e professores da área. “O mundo precisa de mais ciência e de mais cientistas para poder enfrentar os desafios globais de hoje”, apontou Irina na ocasião do lançamento da biblioteca virtual, em Paris. “Alcançar este objetivo exige uma melhor e mais acessível educação científica”, finalizou.
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