Educação

Ato estudantil em frente ao MEC tem 2 feridos após ação da PM

Estudantes se manifestavam contra o programa Future-se, a ser apresentado pelo MEC na manhã de quarta 17

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No final da tarde desta terça-feira 16, um conflito entre estudantes e policiais militares ocorreu em frente ao Ministério da Educação, em Brasília (DF).

O Ministério convidou reitores de universidades públicas para uma reunião que apresenta o Future-se, programa do MEC para as universidades que será apresentado publicamente na manhã da quarta-feira 17.

Para Pedro Gorki, presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), o programa deve apresentar a iniciativa privada como solução para o financiamento das universidades e a redução da autonomia universitária.

Os estudantes foram para a frente do Ministério na tentativa de falar com os reitores e entregar uma carta, contrária à proposta, assinada pela Ubes, pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG).

Durante cerca de 1 hora, os estudantes protestaram com gritos, cartazes e conversas com reitores “como da UFRJ, UFG e outras universidades estaduais”. Segundo Pedro, em um momento a Polícia Militar do DF chegou agredindo os manifestantes. No grupo estava também o novo presidente da UNE, Iago Montalvão.

Segundo ele, a polícia chegou ao local e, antes que os estudantes pudessem negociar, houve uma tentativa de retirar o grupo na base da força. “Vários estudantes tomaram spray de pimenta e foram agredidos”, relatou Guilherme Silva, estudante que participava do ato.

Veja vídeo do momento da agressão policial:

Um estudante da Unirio foi detido pela polícia após ser acusado de desacato. Segundo depoimento do estudante em live do Jornalistas Livres, ele foi liberado e terá de comparecer a uma audiência. Veja:

Estudante que foi detido pela polícia (Foto: Guilherme Silva)

Dois estudantes também tiveram de receber socorro hospitalar. Um após receber gás de pimenta no rosto e outro atingido com um golpe no peito.

O presidente da Ubes, Pedro Gorki, após agressão policial (Foto: Leonardo Costa)

(Foto: Leonardo Costa)

(Foto: Leonardo Costa)

Leia na íntegra a carta das 3 entidades estudantis entregue aos reitores:

“WEINTRAUB, DEVOLVA NOSSO FUTURO!

A universidade pública e o Instituto Federal tiveram, nos últimos anos, um expressivo crescimento, somado à uma ampla democratização do acesso por meio das cotas, do ENEM/SISU, e mesmo da expansão dos campi no interior dos estados.

Essas instituições são também responsáveis por mais de 90% da pesquisa brasileira. Portanto tem uma importância fundamental para fortalecer a formação da nossa população, dar melhores perspectivas de emprego ao nosso povo, gerar ciência e tecnologia para impulsionar o desenvolvimento do nosso país, fortalecendo nossa cadeia produtiva, desenvolvendo pesquisas importantes também na área da saúde, do pensamento crítico, e da educação em geral.

As instituições federais de ensino são, nesse sentido, essenciais para que nosso país possa sair dessa crise em que se encontra, e a política que o MEC tem apresentado para esse setor está na contra-mão da valorização que precisamos para nossas instituições. Os cortes feitos nas verbas previstas em orçamento para as Universidades e Institutos Federais, incluindo as bolsas de pesquisa, são uma séria ameaça a nossa educação.

Muitas das IES federais podem nem sequer começar o próximo semestre letivo ou ter suas atividades interrompidas por falta de pagamento de serviços básicos como água, energia, insumos e materiais de laboratório, etc. A falta de financiamento também impede com que muitos estudantes permaneçam nas instituições, pois dependem das políticas de assistência estudantil como os bandejões/Restaurantes universitários, as moradias estudantis, as bolsas, etc. Essa situação pode impedir com as pesquisas e a formação dos nossos estudantes continue, prejudicando o país como um todo.

Ao invés de estar debatendo a retomada dos investimentos para esse segundo semestre, e olhando para o próprio funcionamento das universidades e Institutos Federais, o MEC agora convida os reitores para apresentar, unilateralmente e sem nenhuma discussão prévia com a comunidade acadêmica, um projeto em que dizem poder solucionar o problema do financiamento da educação pública para adiante.

Primeiro é importante ressaltar que não podemos aceitar qualquer tipo de proposta que altere o caráter público e gratuito das nossas universidades e institutos federais, nem tampouco aceitaremos qualquer projeto de alteração da autonomia universitária e das formas de financiamento sem que haja uma discussão prévia. A verdade é que nem mesmo os reitores foram consultados sobre essa proposta, que apresenta graves suspeitas de que há na verdade uma tentativa velada de privatização das instituições públicas de ensino.

Qualquer mudança nesse sentido prejudica a relação que a universidade e a escola tem com a sociedade e a utilização da nossa pesquisa e formação acadêmica para o fortalecimento da nossa soberania nacional e não somente das empresas que investem nas pesquisas esperando retorno para otimizar seus lucros.

Queremos a retomada imediata de todos os investimentos cortados das universidade e escola brasileiras e a discussão sobre o aprofundamento dos investimentos com um projeto claro pra educação, e não para privatização! Começando minimamente pelo cumprimento do acordo feito pelo governo com os deputados que devolveria parcela da verba cortada, mas que até hoje não deram absolutamente nenhuma sinalização. Não podemos deixar que as nossas universidades e escolas parem de funcionar e milhões de estudantes fiquem sem a possibilidade de estudar e produzir conhecimento e pesquisas tão fundamentais ao nosso país.

UBES- União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

UNE- União Nacional dos Estudantes

ANPG- Associação Nacional de Pós-graduandos”

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