Educação

Apenas 3% das bonecas vendidas online são negras

Pesquisa que analisou portfólio de fabricantes e lojas virtuais mostrou que os brinquedos ainda carecem de representatividade

Apenas 3% das bonecas vendidas online são negras
Apenas 3% das bonecas vendidas online são negras
Campanha “Cadê Nossa Boneca?” denuncia falta de representatividade nos brinquedos
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Um estudo realizado pela ONG Avante – Educação e Mobilização Social, de Salvador (BA), denunciou a ausência de representatividade presente na indústria de brinquedos do Brasil.

Segundo o levantamento, que teve como escopo o comércio online brasileiro, entre os 1.945 modelos de bonecas encontradas nos sites dos maiores fabricantes do País, apenas 131 são negras. Vale ressaltar que, segundo o IBGE, negros e pardos são 53,6% da população brasileira.

A pesquisa foi dividida em duas etapas. Em um primeiro momento, analisou-se o portfólio das 31 principais empresas fabricantes do setor, o que revelou que somente 16 possuem modelos negros. Entre as empresas que fabricam bonecas negras, a com maior diversidade de modelos é o Milk, que possui 72 modelos entre 475 que fabrica. Em termos de proporção, a que se saiu melhor foi a fabricante Miele, com 25% dos modelos.

Na segunda fase da pesquisa, foi feito um levantamento entre os três maiores revendedores online de brinquedos – Americanas.com, Walmart.com e Ri Happy – para aferir a quantidade de bonecas negras disponíveis para compra. A constatação foi a de que, em média, 3% das bonecas disponíveis são negras.

A situação mais desigual é a do site Americanas.com, em que do total de 3.030 bonecas à venda apenas 18 eram negras (0,6%). No site da Ri Happy, das 632 bonecas comercializadas online, apenas 17 modelos eram de negras, enquanto no e-commerce do Walmart a proporção era de apenas 20 entre 835.

Ciente desse quadro desigual, a ONG Avante promove, desde abril deste ano, a campanha “Cadê Nossa Boneca?”, com o objetivo de conscientizar a sociedade, a indústria e o varejo para a importância da representatividade na infância e gerar reflexões sobre padrões estéticos e seus efeitos nocivos.

A campanha também acaba de lançar um mapa colaborativo para ajudar a identificar as lojas físicas que tenham bonecas negras à venda. Por meio da ferramenta, qualquer pessoa pode postar fotos e indicar a localização de estabelecimentos com bonecas à venda. Além dos consumidores, lojistas também podem interagir e registrar as prateleiras de seus estabelecimentos.

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