Educação
‘Afronta’: entidades reagem à privatização da gestão de escolas do Paraná
O projeto foi aprovado pela Assembleia Legislativa e vai à sanção do governador Ratinho Junior (PSD)


Entidades ligadas à educação divulgaram uma nota pública contra a terceirização da gestão de escolas estaduais no Paraná. O projeto, que prevê entregar a parte administrativa de cerca de 200 unidades à gestão privada, foi aprovado nesta terça-feira 4, em segundo turno, pela Assembleia Legislativa. Resta apenas a sanção do governador Ratinho Junior (PSD).
As instituições chamam de “afronta” a segunda tentativa do governo de aprovar a matéria, mesmo diante das manifestações de contrariedade de profissionais da educação.
Também avaliam se tratar de um “processo explícito de privatização da gestão escolar” por meio da terceirização de uma atividade-fim da escola pública, uma infração a princípios constitucionais.
Entre os problemas do projeto, as entidades mencionam uma “equivocada e impossível separação entre trabalho administrativo e pedagógico”. A avaliação é que a situação tende a se agravar pelo fato de o papel da diretoria escolar ficar em segundo plano, ao mesmo tempo em que ela terá de administrar os novos profisisonais lotados nas escolas – os quais, por sua vez, deverão cumprir metas estabelecidas pelos “parceiros” das unidades.
Outro temor dos signatários da nota pública é o possível remanejamento de servidores pela Secretária da Educação.
“Financiar desigualmente um conjunto de escolas que ficará sob a responsabilidade de um ‘plano de sucesso’ elaborado, coordenado e implementado pelo setor privado, cujos princípios se assentam no mercado, é considerar a educação como uma mercadoria qualquer que pode ser negociada e vendida”, criticam.
Vinte entidades assinam a nota, entre elas a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação e a Sociedade Brasileira de Ensino de Química.
“A privatização pela via da terceirização segmenta, segrega, produz desvantagem quando se pensa no conjunto da população que frequenta e trabalha na rede estatal aprofundando desigualdades já existentes.”
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Lula tenta encerrar greve e convoca reitores de universidades federais para reunião
Por Wendal Carmo
Por que os professores do Paraná estão em greve
Por Julia Silveira
MPT recomenda que o governo de Ratinho Jr ‘se abstenha’ de fazer ameaças aos professores no Paraná
Por Caio César