Um ambiente adequado e preparado é essencial para o bom funcionamento de uma escola. Para que o professor consiga desenvolver seu trabalho da melhor maneira possível e para que as potencialidades dos alunos se desenvolvam ao máximo, é preciso ter condições adequadas.
Dessa forma, a infraestrutura das escolas é tema de estudos há tempos, e é sobre elas que os pesquisadores Girlene Ribeiro de Jesus, Joaquim José Soares Neto, Camila Akemi Karino e Dalton Francisco de Andrade resolveram se debruçar para uma série de ao menos três estudos que criam, neste primeiro momento, uma escala com esses fatores.
Com dados do Censo Escolar 2011 de 198.837 unidades em atividade, descobriram que mais de 44% das escolas de educação básica apresentam infraestrutura apenas com água, sanitário, esgoto e cozinha.
Em linhas gerais, não passam de prédios, sem características relacionadas ao processo de ensino-aprendizado. Paralelamente, apenas 0,6% possui infraestrutura avançada – com laboratórios de ciências e dependências para estudantes com necessidades especiais.
“Causou-nos muita surpresa que um número tão grande não possua nem o básico para funcionar. Outra curiosidade é a concentração na rede municipal de ensino, e não esperávamos um resultado tão discrepante em relação a outras redes. Isso mostra que temos uma diversidade muito grande entre administrações municipais, algo em que é preciso refletir, ainda mais com a municipalização do Ensino Fundamental”, afirma Girlene, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília.
Mais ainda, observaram-se diferenças consideráveis entre as redes: enquanto 62,5% das federais estão nas categorias Adequada e Avançada, 51,3% estão na Básica e 61,8% das municipais na Elementar.
Mas apenas mudar a infraestrutura resolve? “O conjunto é que faz a diferença. Manipular apenas uma favorável pode até ter algum efeito, mas ele não será o suficiente. É preciso ter uma visão sistêmica. Mas nosso próximo estudo será justamente sobre a relação entre a infraestrutura e o desempenho das escolas”, afirma.
*Publicado originalmente em Carta Fundamental
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