Patética nostalgia

Dos bons humores do passado ao atual cenário sombrio

Guarujá: a descontração luxuosa à sombra do Grande Hotel – Imagem: Werner Haberkorn/Coleção Museu Paulista

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Tombstone, a cidade mais perigosa do faroeste selvagem transferiu-se, com contemporaneidade quântica, para o Guarujá, no litoral sul paulista. Ali se repetem cenas cinematográficas de filmes empolgantes para as plateias do século passado. Dá-se apenas que, desta feita, as balas e suas consequências mortais são verdadeiras. Desenrola-se este enredo na reportagem de capa desta edição, mas vale a pergunta aos meus botões assustados: algo igual se daria hoje em países civilizados e democráticos? A quem atribuir as responsabilidades pela tragédia?

Falam eles em um mar de responsabilidades, a remontar à feroz colonização predadora. A incrível aprovação que a refrega recebe do governador Tarcísio de Freitas nega o mais elementar dos saberes jurídicos: a polícia prende e entrega os autores à Justiça. Aí está o problema: o Brasil é escravo de leis promulgadas com o exclusivo propósito de proteger a desigualdade, fonte do poder dos mais fortes. Quem sabe tudo se deva à transferência de D. João VI, o soberano fugitivo de Lisboa para o Rio de Janeiro no momento em que as forças napoleônicas transpuseram as fronteiras lusitanas.

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2 comentários

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 6 de agosto de 2023 04h49
Não podemos nem comemorar o resultado das urnas com a vitória de Lula derrotando o inelegível Bolsonaro, a posse do ministro Cristiano Zanin no STF, a retomada da economia com a sua notável melhora e o país voltando ao cenário internacional de forma respeitável e auspiciosa sob a liderança do presidente Lula. No entanto, depois da morte do policial da Rota em São Paulo, eis que a polícia paulista revida de maneira revanchista e extremamente violenta contra pessoas pobres, negras no Guarujá, sob o comando e respaldo do próprio governador de São Paulo Tarcísio Freitas que é carioca e bolsonarista de origem. É fato que muitas pessoas da sociedade, quando ocorrem fatos do tipo, ou seja, a matança pela polícia de pessoas das classes sociais subalternas, entende essas mortes e confrontos como algo natural sem sentir qualquer remorso. No entanto deveriam lamentar profundamente e se manifestar contra, visto que a própria polícia serve como instrumento de vingança pessoal ou mesmo de parte da sociedade que pretende fazer uma espécie de higienização contra os mais pobres. Mino brilhante mais uma vez.
ricardo fernandes de oliveira 7 de agosto de 2023 10h02
Os homicídios cometidos pelas pms de há muito recebem Aplausos de governantes. Tarcísio não é um caso isolado. Na Bahia, ante a pm que mais mata no Brasil, o governo alegou que só Estão sendo mortos traficantes e homicidas. Quando Sérgio Cabral era governador, lula aplaudia sua truculência. Então, a carta capital precisa ser mais honesta na critica

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