Editorial
Os geniais Carusos
A história como se deu
A mídia nativa é imbatível na sua determinação em contar da pior maneira os mais variados eventos. No caso, refiro-me a quanto saiu por ocasião do falecimento de Paulo Caruso, grande cartunista. Quem registrou o desaparecimento de Paulo esqueceu de anotar o seu papel decisivo na criação da revista IstoÉ, surgida à sombra da Editora Três, comandada por Domingo Alzugaray, meu irmão Luis e, a partir de então, pelo acima assinado.
Tanto Paulo quanto seu irmão Chico, que mais tarde se tornaria cartunista na primeira página de O Globo, foram decisivos no nascimento da nova revista. Muito dotados do ponto de vista profissional, não eram excelentes apenas no traço, mas também nas mais variadas manifestações artísticas e pisavam qualquer palco como se ali tivessem nascido. Chico voou para as dependências da poderosa Globo da família Marinho, então na Lagoa Rodrigo de Freitas, enquanto Paulo continuava em São Paulo, e na IstoÉ cobria com seu traço revelador as reuniões de pauta da revista, como esta que sai acima de uma das primeiras edições.
Aí aparecem todos os integrantes da primeira turma, entre eles, no alto, Hélio Campos Mello, a exprimir sua eterna, luminosa boa-fé, e logo abaixo Wagner Carelli, entregue, como de hábito, aos seus malignos complexos, que ao longo do tempo tive a desventura de descobrir. •
Publicado na edição n° 1250 de CartaCapital, em 15 de março de 2023.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Os geniais Carusos’
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