O papa estadista

Francisco foi providencial para desfazer o malfeito por Wojtyla

Na Praça São Pedro vazia, Francisco prepara-se a confortar os fiéis atingidos pela pandemia. Abaixo, Wojtyla longe de Giotto – Imagem: Vincenzo Pinto/AFP e Gerard Julien/AFP

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Nem todos os papas vão para o Paraíso. Consta até que muitos deles acabam no Inferno, com largos méritos. De Alexandre VI, registrado como Borgia, mas de verdade Borja, pai de quatro filhos nem todos de bom caráter, a Pio XII, nobre romano que simpatizou com Hitler. Alguns tiveram desempenhos historicamente notáveis, embora voltados para uma atuação por demais terrena e conveniente para alguns graúdos fiéis em detrimento de outros.

Neste atribulado momento, quando o planeta é sacudido pelo tropel dos cavaleiros do Apocalipse, um pontífice assume o papel de estadista do mundo para repor a situação no devido lugar e consertar o malfeito de quem o precedeu e, certamente, não foi ao Paraíso. Prorrompe a extraordinária figura de um papa capaz de desejar um nome apenas do santo de Assis, o Poverello Francisco, habilitado a jogar às urtigas os privilégios da sua casta para dedicar-se ao socorro dos desvalidos.

Profético, Giotto: Francisco, o santo, soergue a Igreja, enquanto o papa dorme – Imagem: Acervo/Basílica de São Francisco de Assis

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2 comentários

José Carlos Gama 1 de dezembro de 2023 15h18
Tem certas personagens mundiais cujo sua presença na terra não será em vão. O atual Papa é uma dessas fuguras, odiado por boa parte dos capitalistas mundiais e amado por milhões de desvalidos oriundo desses capitalistas. As peças se encaixam.
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 5 de dezembro de 2023 04h23
Dizia um trecho de um grupelho de rock brasileiro, o papa é pop, referência a Karol Wojtyla, o papa João Paulo II. O escritor David Yallop em seu livro Em Nome de Deus sobre a morte de João Paulo I, fez uma dura acusação contra Wojtyla: “ Temos um papa que condena abertamente os padres nicaraguenses por seu envolvimento na política e ao mesmo tempo dá o seu beneplácito para que uma grande quantidade de dólares seja encaminhada secreta e ilegalmente para a Polônia, com destino ao Solidariedade partido político de Lech Walessa. Foi durante os anos do governo de João Paulo II que o Vaticano vendeu armas, financiou ditaduras e golpes de Estado, comandou operações clandestinas através da Santa Aliança e ocorreram falências financeiras e bancárias – devido às quais muitas pessoas se suicidaram. O Vaticano, no reinado de João Paulo II o serviço de espionagem foi o que mais atuou. Diametralmente oposto ao Wojtyla, o papa Francisco é um homem despido de ambições voltadas para o status quo. Bergoglio governa a Igreja e o mundo para melhora-lo, humanamente falando e sofre com o sofrimento dos mais pobres e excluídos de todo o mundo. Para o mundo globalizado e atolado em fome, guerras, individualismo, alienação e intolerâncias, Jorge Bergoglio é a consciência viva da Igreja. A humanidade precisa dele, todos nós precisamos dele, o mundo precisa dele. Vida longa ao papa Francisco, saúde e boa ventura.

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