A condenação de Tiradentes, que recentemente celebramos com direito a feriado, é episódio histórico amplamente simbólico. Exibe a crueldade lusitana a colocar a nossa colonização entre as mais ferozes já acontecidas no planeta. Por outro lado, o alferes, além de ter o dom de extrair dentes e com esmero o pusesse em prática, era altamente representativo de uma Minas Gerais que, no século XVIII, dava lições de bem viver, a exibir a contemporaneidade com o mundo europeu, de sorte a prometer um Brasil infinitamente melhor do que o atual.
Em relação à Minas de 1700, o Brasil de hoje é espantosamente atrasado. Nem falo da elegância da arquitetura de Ouro Preto, Congonhas do Campo, Mariana e Tiradentes, entre outras cidades da época, tampouco me refiro ao Aleijadinho, milagroso escultor em pedra-sabão inspirado por gravuras de obras de Michelangelo. Aludo, isto sim, ao avanço político daquela importante região brasileira, que por tudo estava tão à frente do Brasil de então, até música erudita de qualidade por lá se ouvia.
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