Festa no mar

Recomendação de Dorival Caymmi. Mas os ricos preferiam black-tie e os pobres, fantasias do Império

À espera da passagem de Dora - Imagem: Arquivo Dorival Caymmi

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O carnaval chega sempre. Já foi capaz de movimentos bem mais intensos, de chegadas impetuosas, muito do antigo elã apagou-se. E, de fato, refiro-me a outros tempos. Os Carta haviam chegado em São Paulo fazia pouco tempo, moravam no último sobrado de uma rua de terra, travessa de uma artéria ignorante do conhecimento de seu próprio futuro como avenida imponente entre palácios altivos. Não ia além, então, de um calçamento de paralelepípedos, mas era o meu caminho na direção do Clube Pinheiros, onde figurava como militante de natação infantojuvenil.

No primeiro carnaval a alcançar a família, houve um capítulo reservado à invasão da casa paterna por parte dos vizinhos em festa, de inopino entraram aos berros e vasculharam dançando a vivenda, de fio a pavio. O dono da casa ficou profundamente perplexo e somente se refez muito lentamente, coisa de vários dias. Em compensação, os alegres vizinhos acharam tudo muito natural, não perceberam o espanto do dono da casa e logo ofereceram um passeio no seu Ford 1946 pela avenida principal da cidade, a São João, para participar de um evento chamado Corso.

Pobres saudosos do Império – Imagem: Arquivo Folhapress

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1 comentário

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 2 de março de 2022 20h54
Frevo, maracatu e samba são ritmos nacionais de um povo plácido. Mas a tibieza do povo brasileiro é até demais, pois tem um limite quando encontra um mais fraco eu ele, é até mais cruel. Quisera que o nosso povo tivesse a bravura do povo russo para enfrentar os ianques ou os que se curvam a eles. Mas fiquemos mesmo na doçura de Dorival Caymmi e as beleza do mar para nos lembrar dos carnavais que não tivemos nos últimos anos da Covid. Que fique em nossa lembrança os carnavais do passado com as columbinas e seus pierrôs.

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