Editorial
De avô para neto
A frondosa árvore genealógica da família Campos
Dia 1º de janeiro passado, no seu discurso de posse para um terceiro mandato, Lula foi claro na definição do impeachment de Dilma Rousseff, a quem caberia prosseguir no caminho traçado pelo antecessor. Michel Temer arcou com o papel de usurpador e assumiu a Presidência. Ficou evidente então o papel do vice inconfiável, a se tornar insuflador do golpe, desafiando a Constituição. No outro dia, como diria Mário de Andrade, Temer perpetrou uma conferência filmada pela televisão, apresentado como ex-presidente da República. Que país é este, capaz de celebrar um passado clamorosamente inconstitucional, ao deixar de punir o vilão da bandalheira?
Há muito de podre neste episódio, bem como na pretensão de nítida inspiração bolsonarista de manter a independência do Banco Central. Lula não hesitou, no seu memorável discurso de posse, em definir como golpe o impeachment de Dilma Rousseff, que haveria de dar prosseguimento ao seu governo. Estranha, embora perfeitamente inserida no contexto irregular, a pressão para manter a independência do BC precipitada pelo bolsonarismo contra a vontade plenamente justificada pelo governo levado ao poder no pleito de outubro passado.
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O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
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