Cruzada cômica

Bolsonaro aposta nos evangélicos com determinação igual à de Barbarossa no caminho do Santo Sepulcro

Os cruzados de hoje e de anteontem, no imaginário patético de um demente - Imagem: Redes sociais e iStockphoto

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Pergunto aos meus solertes botões se ­Pedro, o Eremita, arauto da primeira Cruzada, já chegou incógnito ou ainda espera para contar ao cabo com o espaço devido. De todo modo, estamos no Brasil às vésperas da nona Cruzada, com a diferença de cerca de um milênio entre a oitava e a atual. Ao longo do caminho teremos de lamentar tardiamente o falecimento de ­Frederico B­arbarossa, afogado em um rio traidor a caminho de Jerusalém, tragado pelas águas devido ao peso da armadura teimosamente envergada em qualquer circunstância.

Consta que Barbarossa não perdia a oportunidade de se cobrir de ferro a desafiar o destino. De certos ângulos, Bolsonaro lembra o imperador ao menos na determinação granítica de conquistar as eleições presidenciais de outubro próximo em lugar do Santo Sepulcro. Não lhe falta empenho igual ao do poderoso senhor capaz de mandar no Sagrado Romano Império. A tática do energúmeno demente é, porém, outra, de sorte a convocar os gentios evangelistas a engajar-se na luta.

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1 comentário

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 19 de agosto de 2022 16h53
Jair Messias Bolsonaro ao dizer a frase totalitária, Brasil acima de tudo, Deus acima de todos, deveria trocar pelo outro adágio bíblico de que a fé remove montanhas. Nestas eleições só a fé dos incautos bolsonaristas mesmo pode alimentar a esperança dos iludidos, tendo em vista de que pensam na hipótese de que a eleição de Lula não seria factível. Mas que fiquem somente na fé, eis que prefiro o mestre Nietsche no seu aforismo de que quem se sentir predestinado para a contemplação e não para a fé acha todos os crentes demasiado barulhentos e impertinentes, devendo evita-los. Para mim, Bolsonaro já era e é questão de tempo e de cumprir o seu período curto na presidência da república onde está a cumprir o seu decurso de prazo.

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