Brasil masoquista

Aos problemas históricos que permanecem juntam-se outros, enquanto se formulam leis para proteger os vilões

Imagem: Sérgio Lima/AFP

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Triste a sina do Brasil: permanecem problemas antigos que o tornam o mais desigual do mundo, depois da África do Sul, vítima até de uma situação pior do que aquela dos demais países africanos. Vivemos uma pantomima trágica, incapazes de percebê-la, enquanto se formulam leis para proteger os vilões. Só houve um avanço graças à decisão de Lula, ao enquadrar as Forças Armadas. No mais, precipitamos no abismo de uma irredutível medievalidade, pela qual casa-grande e senzala continuam de pé. Juros de 14% obstam qualquer propósito empresarial de voltar a uma produção industrial, de sorte a favorecer o agronegócio, a condenar o Brasil à exportação praticamente exclusiva de commodities.

À revelia de papa Francisco, incansável na defesa da paz mundial, enfrentamos, por causa de Vladimir Putin, empenhado em reconstruir o poderio soviético, a perspectiva de uma guerra nuclear a inquietar o mundo todo. A pergunta é: até quando o Ocidente resistirá à a­meaça? O que sobra para enfrentar a fúria russa, senão o recurso às mesmas armas por ele empregadas contra a Ucrânia agredida? É este o dilema proposto ao mundo e Lula reage com uma profissão de fé pacifista, como se isto bastasse para evitar o cataclismo anunciado.

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4 comentários

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 7 de fevereiro de 2023 03h14
O presidente Lula protestou contra a taxa de juros de mais de 14% praticada pelo BACEN-Mercado, Haddad explicou que em conversa com Roberto Campos Neto dentre outros homens do tal mercado era reflexo do governo Bolsonaro que endividou o país para se reeleger, na verdade quebrou o país para ganhar as eleições, mas que felizmente perdeu por um triz. Essa reforma tributária viria como uma luva para fazer o país crescer, desde que desonerasse o trabalho e cobrasse daqueles que detém os meios de produção, além dos improdutivos do mercado que enriquecem às custas da miserabilidade do povo e não permitem que o governo pratique políticas públicas a fim de cristalizar a miséria e desigualdade no país. Está na hora do governo Lula partir para cima deles, chamar o povo, trabalhadores e dizer quem é quem no cenário político e econômico brasileiro. Depois de acertar contas com o bolsonarismo que destruiu o país e matou minorias, devastou o meio ambiente, Lula precisa trabalhar em várias frentes, a social, a política com esse congresso extremamente fisiológico, a judicial com Flávio Dino, Política Federal, Ministério da Defesa, a Política externa brasileira, onde está muito bem por sinal. Quem realmente está ao lado do trabalhador, do povo e quem só quer se autointitular patriota, nacionalista, mas na prática só pensa sem si e nas cifras e usa o país para enriquecer e o povo como massa de manobra para explorar e imbecilizar. Infelizmente o mundo de hoje não é o mesmo de tempos atrás, muitos brasileiros de grande prestígio e categoria, já nos deixaram, precisamos trabalhar com o os talentos que sobraram. Para reconstruir o país , o atual governo precisa de muita paciência, convencimento, descontruir as mentiras do governo anterior e mostrar porque Lula foi reeleito pela terceira vez. Chegamos ao fundo do poço com Bolsonaro, mas podemos fazer com que o povo readquira sua autoestima, reconstruindo o país, fazendo mais políticas públicas, atraindo o interesse internacional para reinvestir no país em indústrias, investir em ciência e tecnologia e abandonar os modelos dos golpistas que levaram o país para o atraso e o medievalismo na área da educação, cultura e tecnologia. Lula tem um grande desafio que não é fácil, mas que somente o presidente Lula com seu talento político e de grande estadista é capaz de fazer para a guindada que o país pode dar. É preciso se afastar dessas elites perversas que sempre tiraram do Estado brasileiro e não deram nada para o país e apostar no próprio feeling do social.
José Carlos Gama 6 de fevereiro de 2023 13h55
Os ricos de colarinho branco interno e os de fora, estão sempre a frente do povo, faz do povo o que bem entendem: dá e tira empregos, dá e tira comida na mesa cultura nem pensar. sendo assim, somos propenso a ser masoquista. Pergunto: Jesus foi masoquista?
Sérgio José de Andrade 5 de fevereiro de 2023 18h58
Acredito que Lula tem sabedoria pRa lidar com esta difícil realidade e refundar novamente nossas esperanças num país socialmente msis digno.
Anabi Resende Filho 5 de fevereiro de 2023 09h14
Na minha modesta opinião, Mino, em cima de seu oportuníssimo texto talvez nas entrelinhas dele, a questão central é a política econômica, sempre ela O golpe de 2016 veio foi pra saquear o Brasil, o resto é diversionismo: de que outra forma explicar o desmanche da cadeia do pré-sal, da venda de hidrelétricas já pagas, da Caixa Seguradora, da Eletrobras, de oleodutos, do ataque à tecnologia da Embraer, de 32% da BR Distribuidora, etc, etc, etc E o PT parece que não percebe que é a economia que define o espectro ideológico de um governo: como bem coloca Carta Capital esta semana, juros de 14% é coisa de governo de direita! Mas se se entrega ativos reais estratégicos, perde-se o controle da economia real também, por óbvio. À tragédia Yanomami e aos episódios de 08/01 eu acrescentaria o das Lojas Americanas este diretamente ligado ao descarte da Eletrobras, Estamos virando colônia de novo! Acorda, Lula!

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O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

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