“Bando de corja”

A definição de um baiano velho e sábio contempla Bolsonaro e sua polícia e os ladrões que infestam o Brasil, sem esquecer muitos políticos. E a minoria rica

Estas imagens... - Imagem: Mauro Pimentel/AFP

Apoie Siga-nos no

Dó é personagem deste enredo. Nascido na região de Vitória da Conquista, batizado Políbio, desde a infância todos o conheceram com o nome da primeira e última nota da escala musical. O pai foi autor de uma inesquecível definição de quem vale menos que nada. Dizia, para qualificá-lo, que se tratava de um “bando de corja”, vasto epíteto para adjetivar um ou mais indivíduos, conforme as circunstâncias. Dó eu conheço faz mais de meio século, que ele, bom no volante, levou a mim, jejuno em matéria, para sempre proibido pela consciência a dirigir veículos automotores.

Dó me conduziu ao longo de mil rotas. Na noite de domingo 31 de julho ligou-me para avisar da irrupção no meu prédio por um grupo de assaltantes dispostos a invadir três apartamentos. Um bando de corja. Tratava-se de um modo inédito até então para ele e para mim: ladrões bem trajados e de pele branca haviam alugado um apartamento há muitos dias e, de repente, ligaram pelo interfone para o porteiro naquele momento. Avisavam da chegada de amigos. Entraram, e aí compareceu a desgraça.

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

1 comentário

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 7 de agosto de 2022 23h57
Criminalizar o negro, parece que sempre foi assim, mas a coisa piorou neste governo, visto que o capitão inflama seus sequazes para referendar o racismo estrutural. Os bandidos brancos cometem os seus crimes e põem a culpa na população negra. Isso precisa acabar. No dia 05 de agosto tivemos a condenação do vereador negro em Curitiba Renato Freitas pela cassação de seu mandato, pelo fato de ter entrado numa igreja em fevereiro deste ano e fazer um ato político a protestar na Igreja Nossa Senhora do Rosário pelo assassinato do congolês Moise Kabagambe no Rio de Janeiro. Um vereador bolsonarista filmou a entrada de Renato expos na mídia com sensacionalismo e fake News, isto gerou um processo disciplinar na câmara que resultou na cassação do mandato do vereador. A sua defesa do como os advogados Kakay, Guilherme Gonçalves e Edson Vieira Abdala, recorrerão da absurda e insustentável cassação decidido pelos 23 vereadores, sendo que o procedimento está eivado e contaminado por inúmeras nulidades, tais como prazo decadencial para o ato disciplinar que deveria ser contado em dias corridos mas fora contado em dias úteis, violação do devido processo legal e ampla defesa, além de que o próprio relatório entendeu pelo afastamento da punição. No dia do fato, Renato, após o encerramento da missa só se pronunciou em defesa das vidas negras, proferindo a frase: “vidas negras importam”. Entendeu o parlamento curitibano a quebra do decoro parlamentar. Ora, outros vereadores, acusados de outros crimes tais como, peculato, rachadinha, crimes sexuais, nepotismo da mesma casa foram absolvidos, mas somente Renato foi punido com a pena máxima. Um processo eminentemente kafkiano, para não dizer claramente racista e persecutório contra Renato que é um vereador crítico da hipocrisia e covardia da câmara de vereadores de Curitiba. O Papa Francisco irá receber o vereador em setembro e terá o desprazer de conhecer o que se passa na República de Curitiba, cidade de onde surgiu um tal Sérgio Moro. A desfaçatez e o cinismo é característico de uma certa elite dessa cidade, mas a justiça há de prevalecer e o mandato de Renato será restaurado juntamente com os seus direitos políticos que serão restabelecidos. Renato Freitas, com sua inteligência e sua eloquência retórica há de alçar voos mais altos, no futuro. A exemplo de outros políticos como Lula, Nelson Mandela e Pepe Mujica que foram alvos do preconceito ideológico soma-se o jovem vereador que exsurge para a galeria dos bravos e injustiçados perseguido por ser alguém de esquerda e negro.

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.