A Argentina perdida

Já foi um país de cofres abarrotados por lingotes de ouro maciço. Hoje está à matroca

O povo esquece a desgraça e lota Corrientes ao vencer a Copa – Imagem: Tomas Cuesta/Getty Images/AFP

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Já se foi o tempo de Evita e Jorge Luis Borges. ­Evita dispensa apresentações, Borges também. Ambos, cada qual a seu modo, deslumbraram o mundo, e não é por acaso que Evita foi mulher de Juan Domingo Perón, ditador argentino, para variar, e um marco na história do país. Neste momento da vitória de Javier Milei para ocupar a Casa Rosada já cenário de eventos grandiosos, percebo que a decadência foi muito além de dramática, pois impõe-se a tragédia.

Evita, mulher de Perón, ícone do passado – Imagem: Arquivo Nacional

As figuras portenhas dignas de vasta repercussão mundial são inúmeras. Só para citar um, Julio Cortázar, escritor revolucionário, sem esquecer Ernesto Sabato, que também enriqueceu a veia literária latino-americana, naquele tempo muito respeitada mundo afora, para tornar-se uma atração planetária. Astor Piazzolla elevou o tango a dimensões nunca imaginadas com seu bandoneon a ecoar por todo canto e ganhando espaço, inclusive no Teatro Colón, onde todo ano se exibiam os melhores cantores do mundo.

Jorge Luis Borges, o pensador que influenciou gerações em todo o mundo e ainda deslumbra por sua visão mágica das coisas da vida – Imagem: Ulf Andersen/Aurimages/AFP

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2 comentários

CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 24 de novembro de 2023 13h34
Eu e minha mulher estivemos em Buenos Aires durante o primeiro turno da nossa eleição de 2018, ela apresentando trabalho sobre Sabato na Escola de Letras da UBA. Após proclamado o resultado das nossas eleições, alguns professores externavam, já, a preocupação-pânico de que algo acontecesse na Argentina. Após a eleição de Milei, aquela preocupação de 2018 retornou à nossa mente. Milei, tanto quanto o ex-capitão, não é unanimidade na Argentina, mas, como aqui, o anti-kirchnerismo falou mais alto. Na década de 90 se falava em “efeito Orlloff” no Brasil em relação à crise econômica dos tempos de Menem hoje, o “efeito Orlloff” virou a popa para a Argentina. Oremos…
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 27 de novembro de 2023 15h40
Caríssimo Mino Carta, esse país tão admirado por todos nós, terra de Ernesto Che Guevara, do tango de Carlos Gardela a Astor Piazzola, dos geniais Jorge Luís Borges, Ernesto Sábato, Julio Cortazar, do mestre Eugênio Raul Zaffaronni, do cinema de Fernando Solanas e Ricardo Darin, do rock argentino que tanto admiro também. Da grande Evita, e da simpatia que nutro por Nestor Kirscher, mas que foi assombrada pelos ditadores Rafael Videla, Leopoldo Galtieri, pela versão portenha de FHC, Carlos Saul Menen, tinha que cair nessa decadência política e eleger esse tal Javier Milei. Só nos resta curtir na memória os grandes clássicos argentinos, nas telas, os grandes filmes e amargar o destino que o país vizinho viverá nos próximos 4 anos. Mas eles sobreviverão, se suportamos Bolsonaro, eles também resistirão a Milei e seus delírios.

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