O secretário-geral da ONU, o português António Guterres, já ouve a se elevar do horizonte o tropel dos cavaleiros do Apocalipse. Prevê o alargamento do conflito provocado pela agressão da Rússia de Vladimir Putin à Ucrânia, apoiada pela ajuda da União Europeia. A vida humana sempre teve de enfrentar turbulências de extrema tensão, mas desta vez a ameaça traz à tona a imagem do cogumelo atômico, e Guterres não exagera nos seus temores: inquebrável parece ser a determinação do líder russo, empenhado em recuperar o espaço outrora dominado pela URSS.
Nesta investida, ele chega a contar com o apoio de uma figura folclórica e deplorável, Silvio Berlusconi. Com sua atitude, o grotesco personagem põe em dificuldade o atual governo de Giorgia Meloni, que seu partido, o Forza Italia, apoia desde a posse. Especialistas em Berlusconi vaticinam um recuo do próprio, a alegar ter sido mal-entendido. Sobra apenas o ruído provocado por esta intervenção, descabida já no propósito inicial. De todo modo, Putin não esmorece no ataque e leva a União Europeia a um envolvimento crescente. A esta altura, os governos democráticos ocidentais não têm a menor possibilidade de escapar a algo passível de definir como obrigatório, a salvaguarda do Oeste ameaçado.
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