Economia

Vale, Ambev, Pão de Açúcar e Tim estão entre os 10 maiores devedores dos estados

De acordo com levantamento encomendado pela Fenafisco, entre 2015 e 2019, o montante das dívidas das empresas cresceu 31,4%

Foto: Miguel Schincariol / AFP
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Os estados brasileiros somavam, em 2019, quase 900 bilhões de reais em dívidas a receber de empresas como a Vale, a Vivo, a Tim e o Grupo Pão de Açúcar.

De acordo com levantamento encomendado pela Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital, entre 2015 e 2019, o montante da dívida cresceu 31,4%. O valor devido pelas empresas representa 13,2% do Produto Interno Bruto brasileiro.

No período, a divida ativa que mais cresceu foi a do Amapá (928,17%), seguido por Roraima (55,04%), Mato Grosso do Sul (32,28%), Tocantins (17,87%) e Santa Catarina (15,06%). (Leia no fim do texto o relatório completo).

 

Segundo o economista Juliano Goularti, autor do estudo encomendado pela entidade, “é preciso dizer que a dívida ativa, juntamente ao gasto tributário e ao pagamento de juros da dívida pública, é o nó que amarram os estados em programar políticas públicas de investimento e despesas obrigatórias”.

“O enriquecimento de grandes empresários a partir do não pagamento de impostos e direitos trabalhistas é uma realidade bastante conhecida pela população, mas ao mesmo tempo as soluções para o problema são pouco cobradas. Ao mesmo tempo em que a elite brasileira constrói uma imagem pejorativa da política, colocando o estado como um antro de corrupção e as empresas públicas como danosas aos interesses coletivos, o não pagamento de impostos pelas grandes empresas e a extrema exploração a que são submetidos diversos brasileiros e estrangeiros ganham menos espaço de discussão. Os grandes empresários são vistos como exemplos de sucesso enquanto sua riqueza se baseia na pilhagem da riqueza pública”, acrescenta.

Confira os dez maiores devedores dos Estados brasileiros, segundo a Fenafisco:

1) Refinaria de Petróleo de Manguinhos (R$ 7,7 bilhões) — refinaria de petróleo brasileira localizada no Estado do Rio de Janeiro. Entrou com pedido de recuperação judicial (mecanismo usado para tentar evitar a falência de empresas através de negociações com seus credores) em 2013. O processo foi encerrado em 2020 e a empresa mudou de nome para Refit.

2) Ambev (R$ 6,3 bilhões) — cervejaria que domina cerca de 55% do mercado brasileiro e 26% do mercado mundial, dona de marcas como Brahma, Skol, Antarctica, Stella Artois e Budweiser, além dos refrigerantes Guaraná Antarctica e Pepsi. Tem como controladores os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Lemann é o segundo brasileiro mais rico do mundo, segundo ranking da revista Forbes.

3) Telefônica – Vivo (R$ 4,9 bilhões) — empresa de telecomunicação controlada pela espanhola Telefónica, atua em telefonia fixa móvel, banda larga e TV por assinatura. Formada pela fusão de antigas empresas de telefonias estatais brasileiras.

4) Sagra Produtos Farmacêuticos (R$ 4,1 bilhões) — distribuidora de medicamentos.

5) Drogavida Comercial de Drogas (R$ 3,9 bilhões) — rede varejista de medicamentos com sede em Ribeirão Preto (SP).

6) Tim Celular (R$ 3,5 bilhões) — empresa de telefonia celular, subsidiária no Brasil da Telecom Italia.

7) Cerpa Cervejaria Paraense (R$ 3,3 bilhões) — fabricante tradicional de cerveja controlada pela família Seibel. Dona das marcas Cerpa Export, Cerpa Prime, Tijuca, Draft Sound, Gold e Nevada, além de refrigerantes e do energético Amazon Power.

8) Companhia Brasileira de Distribuição (R$ 3,1 bilhões) — mais conhecida como Grupo Pão de Açúcar (GPA) e controlada pelo grupo francês Casino, atua no ramo de supermercados com as bandeiras Pão de Açúcar, Extra e Compre Bem.

9) Athos Farma Sudeste (R$ 2,9 bilhões) — distribuidora de medicamentos, em recuperação judicial.

10) Vale (R$ 2,8 bilhões) — mineradora brasileira que é uma das maiores produtoras e exportadoras de minério de ferro do mundo. Fundada em 1942 como Companhia Vale do Rio Doce, foi privatizada em 1997.

No site Barões da Dívida é possível saber quem são os 100 maiores devedores.

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