Economia
‘Vai engrenar uma melhora, ainda que lenta’, diz Campos Neto sobre inflação
Presidente do BC mostrou otimismo sobre cenário econômico, mas destacou que expectativa é de inflação acima da meta no longo prazo


O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, acredita que a inflação no país vai continuar em queda. Em discurso na entrega do “Prêmio Inovação para o Desenvolvimento Econômico”, realizado na última segunda-feira 29 em Fortaleza (CE), Campos Neto disse que, “mesmo que lenta”, a inflação pode melhorar em um cenário de crescimento econômico.
“Na atividade econômica também temos uma notícia boa. Eu digo que o cenário está clareando. A gente tem uma inflação que parece que vai engrenar uma melhora, ainda que lenta. Ao mesmo tempo, a atividade vem surpreendendo para cima”, afirmou o presidente do BC.
Em abril, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,61%. Com isso, o país acumula uma alta de 2,72% na inflação em 2023. No período referente aos últimos doze meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta é de 4,18%.
Ontem, analistas do mercado voltaram a reduzir a estimativa da inflação para 2023. Segundo o Boletim Focus, divulgado pelo BC, a estimativa é que o IPCA fique em 5,71% em 2023. Apesar da projeção de queda, o percentual estaria acima da meta da inflação para o ano.
No discurso em Fortaleza, Campos Neto destacou que é a primeira vez que “há um surto inflacionário mundial e o Brasil está abaixo”. Segundo ele, isso se deve ao trabalho do BC, que “entendeu que precisava subir juros” e “subiu rápido e antes”. O presidente do BC destacou, entretanto, que “ainda tem trabalho a ser feito”.
Em um horizonte de longo prazo, Campos Neto observou que as expectativas para a inflação “ainda estão bastante elevadas, em 4% para uma meta de 3%”. Segundo ele, isso decorre “de um debate de quanto vai ser a meta da inflação”. No Brasil, a meta da inflação é estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
As análises de Campos Neto ocorrem, novamente, em um momento em que ele está pressionado para baixar a taxa básica de juros, alvo de críticas de empresários e governistas, em especial, do próprio presidente da República. Apesar das consecutivas quedas e das sinalizações positivas do mercado, porém, Campos Neto tem indicado que não pretende mudar o índice.
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