Economia
TCU fará auditoria para fiscalizar execução de emendas parlamentares
Ao todo, as emendas parlamentares movimentaram quase 50 bilhões de reais no Orçamento do ano passado


Os ministros do Tribunal de Contas da União deram aval nesta quarta-feira 22 à realização de uma auditoria para fiscalizar a execução das emendas parlamentares. Trata-se de mais uma frente de apuração da falta de transparência na aplicação de fatia do Orçamento da União.
A auditoria deve avaliar o envio e execução dos recursos públicos enviados a Estados e municípios através das emendas individuais (RP-6), de bancada estadual (RP-7) e de comissão (RP-8). Esta última modalidade é indicada pelos presidentes das comissões temáticas do Congresso, que costumam aprovar o repasse do dinheiro de forma genérica.
No ano passado, por exemplo, somente as emendas de comissão custaram 15 bilhões de reais aos cofres públicos – em 2022, o montante não chegava a um bilhão. “A auditoria se concentrará na identificação de fragilidades nos mecanismos de transparência, com vistas a propor medidas que aprimorem a governança e accountability na gestão dos recursos”, defenderam os técnicos do TCU.
O relatório produzido pela área técnica do tribunal menciona as recentes decisões do Supremo Tribunal Federal sobre as emendas. A última determinação, assinada pelo ministro Flávio Dino, mandou interromper os repasses a cerca de 13 ONGs que não cumpriam regras de transparência sobre o recebimento do dinheiro e seu respectivo uso.
“Essa decisão do STF reflete a gravidade das lacunas de transparência e reforça a necessidade de uma atuação mais proativa e abrangente das instituições de controle”, destacou o documento. Ao todo, as emendas parlamentares movimentaram quase 50 bilhões de reais no Orçamento do ano passado.
Relator do caso no TCU, o ministro Jorge Oliveira afirmou que a falta de critérios claros para alocar recursos pode favorecer projetos de baixo impacto, prejudicando iniciativas de maior importância social e econômica. Os demais integrantes da Corte acompanharam o entendimento e votaram pela realização da auditoria.
As emendas são uma forma pela qual deputados e senadores conseguem enviar dinheiro para obras e projetos em suas bases eleitorais e, assim, ampliar seu capital político. Nem sempre, porém, essas transferências atendem a critérios técnicos e têm como destino os redutos eleitorais dos congressistas.
No fim de agosto, Dino mandou suspender a execução de todas as emendas impositivas (as que a União tem obrigação de pagar) até a adoção de novos critérios.
O ministro disse ver indícios de que o Congresso estaria utilizando outros instrumentos, como as emendas Pix, para driblar a decisão da Corte que considerou o Orçamento Secreto inconstitucional, em 2022.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

TCU vê irregularidades e bloqueia R$ 6 bi do programa Pé-de-Meia; AGU recorre
Por CartaCapital
Relator do Orçamento quer reunião entre os Poderes sobre impasse das emendas antes da votação
Por Wendal Carmo