Economia
Taxa de desocupação no trimestre fica em 8,3%, a menor desde maio de 2015, diz IBGE
Recuo foi de 0,3% em relação ao trimestre anterior, e de 1,5% sobre o mesmo período de 2022; para pesquisadora do IBGE, queda indica menor número de pessoas procurando trabalho


A taxa de desocupação no país, no trimestre de março a maio de 2023, ficou em 8,3%. O percentual caiu 0,3% na comparação com o trimestre encerrado em fevereiro deste ano, e a queda é de 1,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando estava em 9,8%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira 30 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa divulgada hoje é a menor para um trimestre, desde maio de 2015. A população desocupada no país somou 8,9 milhões de pessoas. São 279 mil pessoas desocupadas a menos, na comparação com trimestre anterior, e 1,7 milhão de pessoas a menos nessa condição, no período de um ano.
Segundo a definição do IBGE, pessoas desocupadas são aquelas que, no período da pesquisa, não estavam ocupadas, mas que estavam buscando emprego e que se disseram disponíveis para iniciar um trabalho.
Além disso, há a população desalentada, composta por pessoas que, além de não estarem ocupadas, deixaram de procurar emprego, por acreditar que não conseguiriam. Essa população, especificamente, soma 3,7 milhões de pessoas no Brasil, segundo os dados divulgados hoje, o que representa uma queda de 6,3% na comparação com o trimestre anterior. Na comparação anual, a queda é de 14,3% (ou 621 mil pessoas a menos na condição de desalento).
Para Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílio do IBGE, o recuo no trimestre não foi influenciado, necessariamente, por um aumento significativo de trabalhadores.
“Esse recuo no trimestre foi mais influenciado pela queda do número de pessoas procurando trabalho”, explicou. Segundo a pesquisadora, “foi a menor pressão no mercado de trabalho que provocou a redução na taxa de desocupação”.
A taxa de informalidade manteve-se estável no país: 38,9% da população ocupada (ou 38,3 milhões de pessoas), mesmo número do trimestre anterior. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o percentual caiu 1,2%.
Também se manteve estável o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (esse dado não inclui trabalhadores domésticos). São 36,8 milhões de pessoas, o que, na comparação anual, representa um aumento de 3,5%.
Os números de empregados sem carteira assinada no setor privado (12,9 milhões de pessoas), trabalhadores por conta própria (25,2 milhões de pessoas) e trabalhadores domésticos (5,7 milhões de pessoas) se mantiveram estáveis em relação ao trimestre anterior, segundo o IBGE.
Houve recuo na taxa de subutilização (18,2%) no Brasil. Na comparação com o trimestre anterior, a queda foi de 0,7%; já na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, a queda foi de 3,7%. Essa população, que é composta por desempregados e pessoas que trabalham menos do que poderiam, por exemplo, soma 20,7 milhões de pessoas no país.
O nível da ocupação – ou seja, o percentual de pessoas ocupadas na população em idade para trabalhar – foi estimado pelo IBGE em 56,4%.
O trimestre encerrado em maio foi marcado por um aumento de empregados no setor público (12,1 milhões de pessoas). A expansão foi de 2,8% na comparação com o trimestre anterior, e 3,9% na comparação anual.
Por outro lado, o crescimento não representou um aumento geral no rendimento, como explica Beringuy. “O aumento do contingente de trabalhadores do setor público não se refletiu em aumento de rendimento. Provavelmente, isso se deu em função de maior participação de trabalhadores sem carteira assinada no setor e tendência de queda do rendimento mesmo entre empregados com carteira assinada”, aponta a pesquisadora.
O rendimento real habitual registrado no trimestre ficou em 2.901 reais, mostrando estabilidade em relação ao trimestre anterior, segundo o IBGE. Na comparação anual, o crescimento é de 6,6%.
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