Economia
Tarifaço que Trump anuncia nesta quarta terá efeito imediato, diz Casa Branca
A imprevisibilidade do presidente dos Estados Unidos dificulta a percepção sobre o que Washington divulgará


A secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que as “tarifas recíprocas” que o presidente Donald Trump anunciará nesta quarta-feira 2 terão efeito imediato.
Enquanto isso, países aguardam apreensivos e torcem por isenções — é o caso do Vietnã, que propôs a redução de suas taxas sobre diversos produtos. O Japão e o Reino Unido também buscam condições melhores para sua relação comercial com Washington em meio ao tarifaço.
Na segunda-feira 31, Trump declarou que seu governo será “muito gentil em comparação ao que nos fizeram”. A afirmação pode reduzir a ameaça de tarifas literalmente “recíprocas”, mas a imprevisibilidade do republicano impede uma percepção clara sobre o que ocorrerá nesta quarta.
“Meu entendimento é que o anúncio da tarifa será realizado amanhã. Elas entrarão em vigor imediatamente”, disse Leavitt em uma coletiva de imprensa na Casa Branca, nesta terça-feira 1º. “Não quero me adiantar ao presidente. Este é obviamente um dia muito importante.”
Segundo a secretária de imprensa, Trump está reunido com sua equipe de comércio e tarifas para “aperfeiçoar” o plano e garantir que ele seja “perfeito” para os norte-americanos. “Todos vocês saberão em cerca de 24 horas a partir de agora.”
Brasil na lista
O governo Trump divulgou na segunda-feira um relatório no qual afirma que o Brasil impõe tarifas de importação relativamente elevadas a uma ampla gama de setores.
O documento do Escritório do Representante de Comércio dos EUA, o USTR, alega haver falta de previsibilidade sobre os níveis das tarifas fixadas pelo Brasil, o que “torna difícil para os exportadores americanos preverem os custos de fazer negócios” com o País.
Trata-se de um resumo de 397 páginas — seis delas dedicadas ao Brasil — sobre as práticas tarifárias de diversos países com os quais os norte-americanos fazem negócios.
Segundo o relatório, a tarifa média aplicada pelo Brasil sobre produtos importados foi de 11,2% em 2023.
“As taxas consolidadas do Brasil são frequentemente muito mais altas do que suas taxas aplicadas, e os exportadores dos EUA enfrentam incertezas significativas no mercado brasileiro porque o governo frequentemente modifica as taxas tarifárias dentro das flexibilidades do Mercosul.”
Os norte-americanos criticam com destaque o caso do etanol e consideram desproporcional uma tarifa de 18% sobre o produto dos Estados Unidos. É um dos principais exemplos utilizados pelo governo Trump ao alegar um suposto tratamento injusto por parte do Brasil.
Em 2024, o Brasil arrecadou mais de 203 milhões de dólares com a exportação de etanol para os Estados Unidos, enquanto gastou aproximadamente 52 milhões de dólares importando o biocombustível norte-americano. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Foram mais de 313 mil metros cúbicos de etanol despachados para os Estados Unidos, ante cerca de 110 mil importados.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Senador democrata bate recorde com discurso de mais de 25 horas contra Trump
Por AFP
Ao lado de Haddad, ministro francês reconhece que tarifas de Trump “aceleram” discussões com Mercosul
Por RFI
Congresso tentar conter efeitos da guerra tarifária de Trump com ‘PL da Reciprocidade Econômica’
Por CartaCapital