Economia
Tarifaço de Trump leva Wall Street a forte queda’; S&P 500 tem seu pior dia desde 2020
O Nasdaq, com forte presença tecnológica, despencou 6%, maior tombo desde o início da pandemia


Wall Street registrou uma forte queda nesta quinta-feira 3, após o anúncio do presidente Donald Trump de uma série de tarifas que afetam o comércio mundial e geram temor sobre a economia americana.
No término do pregão, o índice Dow Jones caiu 4,0%, para 40.545,93 unidades, uma perda de mais de 1.600 pontos. O índice ampliado S&P 500 fechou em baixa de 4,8%, aos 5.396,52 pontos, seu pior dia de negociações desde junho de 2020.
O Nasdaq, com forte presença tecnológica, despencou 6%, para os 16.550,60 pontos, sua maior queda em um único dia desde março de 2020, no início da pandemia de Covid-19.
“Obviamente, as tarifas são mais altas e severas do que a gente esperava”, disse à AFP Tom Cahill, da Ventura Wealth Management. “Levará algum tempo para determinar exatamente quais serão os efeitos, não somente na economia, mas também nos lucros das empresas.”
O golpe sofrido na praça nova-iorquina veio depois de as bolsas europeias e asiáticas também vivenciarem um dia sombrio.
Varejistas como Nike e Macy’s, que dependem das importações dos países asiáticos na mira de Trump, sofreram um duro golpe, enquanto as gigantes da tecnologia Apple e Amazon caíram mais de 8,9%. “Há muitas perguntas que ainda precisam de respostas, mas não acho que o mercado esteja reagindo de forma exagerada”, disse Cahill.
A queda acontece após o anúncio do que Trump chamou de “Dia da Libertação”, no qual o líder republicano apresentou uma ampla série de novas tarifas que afetam todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos.
A ofensiva da Casa Branca, algo sem precedentes desde os anos 1930, inclui uma sobretaxa mínima de 10%, e ainda maior para determinados países: 20% para a União Europeia, 34% para a China, 46% ao Vietnã, 26% à Índia, 24% para o Japão e 31% para a Suíça, entre outros.
Adam Sarhan, da 50 Park Investments, disse que as tarifas reduzirão os lucros corporativos e podem reacender a inflação e provocar uma contrapartida tarifária por parte dos parceiros comerciais dos Estados Unidos.
“Há uma tremenda incerteza… e é por isso que o mercado se inclina para uma baixa”, disse Sarhan, que também acredita que uma recessão nos Estados Unidos é provável neste momento.
“O mercado é um mecanismo que olha para o futuro”, afirmou. “Normalmente, há recessões depois de um mercado em baixa.”
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