Economia
Tarcísio alega que Sabesp perderá valor no modelo atual e mantém privatização no radar
O governador eleito de São Paulo já havia afirmado que sua gestão começará a estudar a venda da companhia


O governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) insiste em pautar a possibilidade de privatização da Sabesp, sociedade anônima de capital misto que gere os serviços de água e esgoto no estado de São Paulo.
Ele afirmou, nesta quinta-feira 1º, que a empresa perderá “paulatinamente” seu valor caso o atual modelo permaneça.
“Vamos discutir com muita seriedade e responsabilidade a questão Sabesp. Está na hora de a gente enfrentar esse tema. Parecia um tema proibido, a gente teve coragem de colocar isso na campanha”, disse o bolsonarista em evento na Associação Comercial de São Paulo.
Segundo ele, “se a gente quiser antecipar a meta de universalização do saneamento, a gente tem de jogar muito investimento para dentro, e esse investimento pode e deve vir da iniciativa privada”.
Na agenda, ele acrescentou que, após a posse, se reunirá com órgãos como o BNDES e o Banco Mundial para buscar o melhor modelo. De acordo com Tarcísio, uma capitalização poderia aumentar a eficiência da empresa sem que o Estado abra mão por completo de sua influência.
“Você não precisa sair completamente da empresa, você pode simplesmente abrir mão do controle, manter uma parte, ter assento no conselho, ter golden share, ter participação nas decisões estratégicas e aí a empresa pode ganhar valor e lá na frente você discute.”
No final da semana passada, o governador eleito já havia afirmado que sua gestão começará a estudar a privatização da Sabesp. Em contato com jornalistas na sexta-feira 25, o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) confirmou que pode prosseguir com a venda da companhia.
A Sabesp atende atualmente 375 municípios paulistas onde vivem 28,4 milhões de pessoas. É uma empresa de economia mista – de controle estatal, mas com ações negociadas na bolsa. Lucrou 1,4 bilhão de reais somente no primeiro semestre deste ano. Em 2021, o lucro chegou 2,3 bilhões de reais.
Ao longo da campanha eleitoral deste ano, Fernando Haddad (PT), adversário de Tarcísio no segundo turno, criticou fortemente a proposta de privatização, afirmando que seria um “erro monumental”.
“Sou terminantemente contra a venda da Sabesp, do controle acionário da Sabesp, como prega o Tarcísio de Freitas. Será um erro monumental que vai penalizar a população de baixa renda”, declarou o petista na disputa.
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