A Arábia Saudita barrou a importação de carne de frango de cinco frigoríficos brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal. O anúncio foi feito na terça-feira 22 e deixou integrantes do governo e o mercado em alerta. Entre as empresas que tiveram as importações suspensas estão a JBS e BRF.
Segundo a ABPA, a decisão seguiu critérios técnicos e foi tomada após visita de uma comitiva a unidades frigoríficas no país, em outubro do ano passado. A decisão, porém, foi anunciada pouco tempo depois de o presidente Jair Bolsonaro afirmar que pretende transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, seguindo os passos do presidente dos EUA, Donald Trump.
A embaixada brasileira em Israel fica em Tel Aviv, internacionalmente reconhecida como capital israelense. A transferência para Jerusalém pode ser interpretada como um reconhecimento desta cidade como capital do país, medida que não agrada o mundo árabe e vai contra o entendimento internacional, ratificado pela ONU.
Na mesma terça, o presidente em exercício, Hamilton Mourão, descartou que o veto aos frigoríficos esteja relacionado com a possível mudança da embaixada. “Não foi mudada ainda. O pessoal está se antecipando ao inimigo”, respondeu ao ser questionado sobre o assunto.
Na mesma linha, a Câmara Brasileira de Comércio Árabe disse que a decisão não tem a ver com possível mudança da embaixada e diz que os cinco frigoríficos podem voltar a atuar após regularização das questões apontadas pela comitiva. Outras 25 unidades do setor seguem com autorização para manter as importações do produto.
“A situação, é reversível, uma vez que as irregularidades apontadas pela autoridade sanitária saudita forem sanadas e uma nova missão sanitária do órgão for realizada”, afirmou Rubens Hannun, presidente da Câmara.
Hannan disse ainda que não pode afirmar que a medida será adotada por outros países da Liga Árabe – composta por 22 países, e que o frango corresponde “a aproximadamente a um quinto de toda receita obtida com as exportações” para tais nações.
No entanto, Amr Moussa, ex-secretário-geral da Liga Árabe não fez questão nenhuma de amenizar a medida tomada pela Arábia Saudita. Em Davos ele foi categórico ao afirmar ao Infomoney que a suspensão da importação de frango é uma retaliação. Moussa disse que a medida é uma expressão de protesto contra ‘decisões erradas do Brasil’ e a ‘forma como o Bolsonaro trata os países da liga’.
*Com informações da Agência Brasil e da DW
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