A discreta melhora da arrecadação federal em outubro, após quatro meses de queda, e a alta probabilidade de vitória no Supremo Tribunal Federal quanto a possibilidade de pagamento de precatórios de 95 bilhões de reais rolados no governo Bolsonaro, sem violar as regras fiscais, por meio de créditos extraordinários abertos por Medida Provisória, aumentaram a aposta do governo, com prazo de validade até março, de manter a meta fiscal em zero, como quer o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apoiado por Lula, em oposição à ala liderada pelo ministro Rui Costa, da Casa Civil.
O desgaste é inegável em vários reveses recentes do governo. Mais complicado é atribuir corretamente o peso relativo desses percalços em um contexto econômico e político complexo, que contempla diversos avanços e gera uma contabilidade quase diária de perdas e ganhos. O governo foi derrotado na votação de projetos bolsonaristas como o PL do Veneno, aprovado na véspera da COP28, na aprovação da carteira de trabalho Verde Amarela, anabolizada pelo decreto, pelo Ministério do Trabalho, depois revogado, do fim do trabalho aos sábados e domingos sem aprovação de convenção coletiva com os sindicatos, e na perspectiva de celebração do acordo Mercosul-União Europeia com base na proposta de Bolsonaro e Guedes, que, segundo economistas, produziria danos irreparáveis à indústria brasileira (a propósito, confira a coluna de Paulo Nogueira Batista Jr., à pág. 45). Os insucessos coincidiram com a divulgação dos resultados da mais recente pesquisa Atlas, que apontam a avaliação negativa do governo pela primeira vez acima da positiva.
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