Sujeito a trovoadas

Na luta contra a herança econômica radioativa do governo Bolsonaro, o ministro Fernando Haddad colhe vitórias e derrotas

A aprovação da taxação de offshores e fundos exclusivos pelo Senado comandado por Pacheco é uma vitória, ainda que parcial, de Haddad – Imagem: Jefferson Rudy/Ag. Senado e Diogo Zacarias/MF

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A discreta melhora da arrecadação federal em outubro, após quatro meses de queda, e a alta probabilidade de vitória no Supremo Tribunal Federal quanto a possibilidade de pagamento de precatórios de 95 bilhões de reais rolados no governo Bolsonaro, sem violar as regras fiscais, por meio de créditos extraordinários abertos por Medida Provisória, aumentaram a aposta do governo, com prazo de validade até março, de manter a meta fiscal em zero, como quer o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apoiado por Lula, em oposição à ala liderada pelo ministro Rui Costa, da Casa Civil.

O desgaste é inegável em vários reveses recentes do governo. Mais complicado é atribuir corretamente o peso relativo desses percalços em um contexto econômico e político complexo, que contempla diversos avanços e gera uma contabilidade quase diária de perdas e ganhos. O governo foi derrotado na votação de projetos bolsonaristas como o PL do Veneno, aprovado na véspera da COP28, na aprovação da carteira de trabalho Verde Amarela, anabolizada pelo decreto, pelo Ministério do Trabalho, depois revogado, do fim do trabalho aos sábados e domingos sem aprovação de convenção coletiva com os sindicatos, e na perspectiva de celebração do acordo Mercosul-União Europeia com base na proposta de Bolsonaro e Guedes, que, segundo economistas, produziria danos irreparáveis à indústria brasileira (a propósito, confira a coluna de Paulo Nogueira Batista Jr., à pág. 45). Os insucessos coincidiram com a divulgação dos resultados da mais recente pesquisa Atlas, que apontam a avaliação negativa do governo pela primeira vez acima da positiva.

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4 comentários

CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 2 de dezembro de 2023 13h15
A necessidade do PT de propagandear que é melhor e mais “justo” que o governo anterior prejudica a implementação de ações sérias e necessárias. Convém lembrar que o sapo não entrou no céu por causa da boca grande…
Rodrigo Henrique 2 de dezembro de 2023 19h07
Gostei da escolha dos economistas André Roncaglia e Felipe Salto na participação da reportagem: pensamentos divergentes, porém bem embasados. Isso sim é um debate de qualidade. Felipe Salto é uma exceção entre os liberais que eu tenho respeito e gosto de ler. E, como sempre, a reportagem da Carta é bem equilibrada e sem alarde, sem aquele apocalipse de sempre dos grandes jornais de que a economia está indo para o buraco. Apresenta críticas realistas sem aquele antipetismo espumante dos grandes veículos.
José Carlos Gama 2 de dezembro de 2023 22h05
Muita pedra para ser removida em apenas quatro anos, seria necessário governar, creio eu, por mais dezesseis anos em seguida para dar conta de tirar o pais dos últimos lugares do IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. Rever a estrutura tributária faz-se necessário e urgente caso contrário estaremos recebendo medalha de primeiro colocado por muitos anos ainda, porém, de baixo para cima.
Gabriel Almeida 4 de dezembro de 2023 00h00
Um grande sociólogo disse que a política é a ciência de tornar o impossível possível. O grande problema desse governo me parece estar na falta de ousadia. Temos uma grande equipe, capaz de resolver o problema. Todos eles sabem que o problema se dá em grande medida na falta de indústria pesada, na falta de agroindústria, falta de utilização do mercado interno, baixo investimento em C&T e por aí vai. Nem vou falar dos privilégios de militares, juízes e pessoas tão ricas que o são apenas por conta da herança. Falta muita ousadia nesse governo. É claro que se trata de um jogo de poder, Dilma caiu por bem menos, mas as estratégias para trazer o povo para si, essas são bem conhecidas. Enquanto não tomarmos medidas regulatórias de mídias, bancos, telecoms e grandes mono e oligopólios comunicacionais em nosso país, e tomarmos medidas drásticas para com os brasileiros privilegiados de fato, seguiremos a crescimentos quando crescermos estapafúrdios.

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