Economia

Senado aprova regulamentação da reforma tributária sem armas no ‘imposto do pecado’

Com as modificações dos senadores, o texto volta à Câmara dos Deputados

Senado aprova regulamentação da reforma tributária sem armas no ‘imposto do pecado’
Senado aprova regulamentação da reforma tributária sem armas no ‘imposto do pecado’
Votação de projeto sobre a reforma tributária no Senado, em 12 de dezembro de 2024. Foto: Andressa Anholete/Agencia Senado
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O Senado aprovou, nesta quinta-feira 12, o texto-base do principal projeto de regulamentação da reforma tributária. Foram 49 votos a favor e 19 contra.

Após a análise de propostas de alteração no texto, o projeto voltará à Câmara, já que o Senado mudou a versão aprovada pelos deputados em julho.

O Congresso Nacional promulgou a PEC da reforma tributária em dezembro de 2023, mas há uma série de pontos a serem regulamentados por leis complementares. Deputados e senadores têm, por exemplo, de balizar os regimes especiais e os tratamentos diferenciados a setores e produtos.

O principal efeito da proposta é a unificação, a partir de 2033, de cinco tributos — ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins — em uma cobrança única, dividida entre os níveis federal (com a CBS) e estadual/municipal (com o IBS).

Há também a criação do Imposto Seletivo, conhecido como “imposto do pecado”, que será aplicado a partir de 2027 sobre a produção, a extração, a comercialização ou a importação de produtos e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Na prática, essa categoria terá uma tributação superior à alíquota padrão, estimada pelo Ministério da Fazenda em 27,97% antes das modificações no Senado.

O parecer original do relator no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), previa incluir armas e munições na lista do Imposto Seletivo. Na Comissão de Constituição e Justiça, porém, o PL conseguiu articular a retirada do item. Já o PSD obteve êxito em suprimir as bebidas açucaradas.

Nesta quinta, o plenário confirmou a decisão de excluir as armas da taxação extra ao rejeitar uma emenda do PT. Houve 33 votos favoráveis a incluir os itens no “imposto do pecado”, ante 32 contrários. Eram necessários, porém, no mínimo 41 votos a favor do acréscimo.

Também ficaram excluídas as bebidas açucaradas, como sucos e refrigerantes industrializados. Na lista do Imposto Seletivo, seguem itens como cigarros, bebidas e apostas online (as bets).

Outra mudança no relatório final de Braga foi a redução em 60% da alíquota a ser paga para serviços de água e esgoto. Antes, eles estavam com a alíquota cheia.

Cesta básica

Foram incluídas na lista de alimentos da cesta básica da reforma tributária que ficarão isentos do IVA as farinhas e massas com baixo teor de proteínas, usadas como alimentos para pessoas com erros inatos de metabolismo (EIM). Também terão o tributo zerado as fórmulas dietoterápicas, usadas para tratar e prevenir doenças relacionadas aos EIM.

Farinhas e massas usadas contra as acidemias e os defeitos do ciclo da uréia, que são doenças metabólicas e hereditárias, também serão isentas de imposto sobre consumo. Com esses, são 26 tipos de alimentos com alíquota zero, incluindo carnes, queijos, feijões, farinha de mandioca, arroz e erva-mate.

Também foi aprovado um requerimento para reduzir em 60% a alíquota sobre água mineral de até 10 litros. Os biscoitos e as bolachas de consumo popular também foram incluídos pelo relator com desconto de 60% da alíquota cheia.

Saúde e cashback

Na saúde, houve redução de 60% do imposto cheio para medicamentos, incluindo os de farmácia de manipulação. A redução vale também para itens de higiene pessoal.

Eduardo Braga incluiu na lista de isenção de tributos medicamentos do Farmácia Popular e aqueles de tratamentos para câncer, doenças raras e HIV, por exemplo. O nome do princípio ativo do medicamento, no entanto, só será definido depois, pelo governo, por meio de lei complementar.

O relator manteve o cashback para gás de cozinha, luz, água, esgoto e telefone. 100% para o que será pago de CBS e 20% para o IBS. O cashback consiste na devolução de parte dos impostos para população de baixa renda e é tido como o principal modulador para garantir maior justiça tributária no novo sistema.

(Com informações da Agência Brasil)

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