Economia

Selic a 15% é injustificável e traz sérias consequências para o Brasil, avalia economista

Mesmo com inflação sob controle, o Brasil tem uma taxa real de 9,44%, atrás apenas da Turquia, com 10,33%

Selic a 15% é injustificável e traz sérias consequências para o Brasil, avalia economista
Selic a 15% é injustificável e traz sérias consequências para o Brasil, avalia economista
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
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A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de manter, pela quarta vez, a taxa básica de juros em 15% ao ano pode comprometer os investimentos e também no consumo das famílias, avalia Gustavo Cavarzan, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Para Cavarzan a decisão do Banco Central é injustificável, já que o governo Lula (PT) caminha para ser o segundo governo com menor nível de inflação média desde o Plano Real, mas mesmo assim segue como o País com a segunda maior taxa real de juros do mundo.

Quando o Copom opta por aumentar a Selic ou mantê-la em níveis elevados, busca desaquecer a demanda para, em tese, conter a inflação: os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, razão pela qual também dificultam a expansão da economia.

Ao cortar a taxa, por outro lado, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. O Copom volta a se reunir em 27 e 28 de janeiro, no primeiro encontro de 2026.

“É urgente que o Copom inicie um movimento de redução da Selic sob o risco de termos um ano de baixo dinamismo econômico em 2026 com impactos negativos na renda e no emprego”, disse a CartaCapital.

O Brasil tem uma taxa real de 9,44%, atrás apenas da Turquia, com 10,33%. Completam a lista dos dez primeiros Rússia, com 7,89%; Argentina, com 7,14%; México, com 4,21%; Indonésia, com 2,44%; Hungria, com 2,14%; África do Sul, com 2,07%; Israel, com 1,91%; e Filipinas, com 1,79%.

A análise, entretanto, vai além do ciclo de cortes e aponta para uma necessidade de reforma no próprio arcabouço da política monetária. “A começar pelo próprio patamar da meta em si (atualmente em 3%) que é absolutamente inatingível e cria incentivos para que o BC atue de forma tão conservadora na definição da política monetária”, completou.

Confira os resultados de todos os encontros do comitê desde o ano passado:

  • janeiro de 2024: de 11,75% para 11,25%;
  • março: de 11,25% para 10,75%;
  • maio: de 10,75% para 10,50%;
  • junho: manutenção em 10,50%;
  • julho: manutenção em 10,50%;
  • setembro: de 10,50% para 10,75%;
  • novembro: de 10,75% para 11,25%;
  • dezembro: de 11,25% para 12,25%;
  • janeiro de 2025: de 12,25% para 13,25%;
  • março: de 13,25% para 14,25%;
  • maio: de 14,25% para 14,75%;
  • junho: de 14,75% para 15%;
  • julho: manutenção em 15%;
  • setembro: manutenção em 15%; e
  • novembro: manutenção em 15%.

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