Constituído o novo governo, os territórios da Tropicália foram inundados por uma torrente de sabedorias econômicas. Os sábios da Crematística concentraram as advertências nos riscos de empurra-empurra e gritaria no “espaço” fiscal. A turma do mercado presta homenagem à magnífica dramaturgia da peça Fala Baixo, Senão eu Grito, de Leilah Assumpção. Os mercadistas gritam “gastança” para expulsar do espaço fiscal os governos e seus programas de investimento público.
Cantava o saudoso Jorge Ben: Mas que nada, Sai da minha frente que eu quero passar. Este samba está animado, o que eu quero é sambar. Os advogados da austeridade generalizada acreditam que, mesmo em uma situação recessiva, ocorre o fenômeno da expulsão do gasto privado pelo dispêndio público, chamado no jargão dos economistas de crowding out. Assim, no samba do espaço fiscal, o reequilíbrio das contas públicas, ainda em uma conjuntura recessiva, libera recursos e, ao mesmo tempo, infunde “confiança” ao setor privado. O que eu quero é sambar.
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